Por Franca Quarneti
No último domingo, 3 de julho, 80.000 pessoas marcharam em Santiago, capital do Chile, para pedir a legalização da maconha. A mobilização, que teve como lema “Contra o tráfico de drogas: cultive seus direitos”, também foi contra o crime organizado.
Da mesma forma, enquanto desfilavam pela Avenida Alameda fumando maconha e carregando balões verdes, os manifestantes clamavam pelo consumo e autocultivo livres e pediam que os usuários deixassem de ser estigmatizados.
Em um diálogo exclusivo com El Planteo, Paola Sagués (também conhecida como Muy Paola), influenciadora e referência chilena de cannabis, diz: “Mais de 80.000 pessoas participaram da marcha. A verdade é que é incrível ver como, passados dois anos de pandemia, nos encontramos novamente na rua. A força da comunidade veio com tudo e estamos mais presentes do que nunca”.
“A marcha de ontem decorreu com bastante calma, como é característico das marchas da maconha. Foi uma mobilização super bacana. Este ano, nosso objetivo era exigir que o governo cumprisse as promessas de campanha que fez em relação às políticas de drogas, principalmente a cannabis”.
Por exemplo, deve-se notar que o consumo, cultivo e venda de cannabis ainda são ilegais no Chile.
Apesar do frio, o compromisso da comunidade verde de Santiago do Chile era visível. “É urgente uma regulamentação abrangente das drogas -e em particular da cannabis-. A criminalidade é muito alta, porque aqui o narcotráfico tomou conta de tudo. Se não houver regulamentação, a situação vai continuar, com todos os efeitos que a violência da guerra às drogas tem”, explica Sagués.
Por sua vez, Vale Verdosa, ativista, diretora do Dispensário Nacional de Cannabis e presidente da organização Chilena de Ativismo Cannabis, disse ao El Planteo: “A marcha também levantou o tema ‘Chega de prisioneiros para plantar’. Já sabemos que a guerra às drogas não funcionou. A polícia não está indo contra traficantes de drogas, eles estão mirando usuários de maconha para uso pessoal. É isso que queremos parar.”
“Pedimos que nossos direitos sejam respeitados, especialmente agora que estamos com um governo que disse em inúmeras ocasiões que não quer violar ainda mais os direitos das pessoas”, completou..
Enquanto isso, também houve mobilizações a favor da legalização da maconha em diversas partes do país.
A esse respeito, Muy Paola destacou: “Quero convidar o povo do interior do Chile a se mobilizar, a ativar. Santiago não é o Chile e devemos começar a gerar ativismo de outras partes, especialmente porque as regiões sempre têm necessidades diferentes”.
“Trata-se de escolher como queremos viver”, concluiu.
Matéria originalmente publicada no site El Planteo e adaptada ao Weederia com autorização