Até pouco tempo atrás, dia 20 de abril era apenas um dia qualquer. Mas, a aventura de um grupo de amigos de Marin County, Califórnia, denominado Waldos, começou a mudar a história deste dia e de um número que ganhou o mundo: o 420.

Agora, dia 20 de abril é uma data que representa milhões de pessoas no mundo todo, milhões de pessoas que lutam pela liberdade de poder consumir uma planta em paz, sem sofrer perseguição policial e política. Alguns já conseguiram, mas ainda há muita luta para ser lembrada neste dia mundial da maconha.

420 e o Mapa do tesouro

Tudo começou quando os Waldos resolveram ir atrás de um tesouro escondido. Este tesouro não era nenhum baú cheio de jóias. Mas, sim, algo muito mais valioso do que isso para garotos recém entrados na adolescência: uma plantação de maconha. E nós do Weederia conversamos com David e Steve, dois dos Waldos originais.

“Durante a década de 70 na Califórnia quase todo mundo estava em uma exploração, em uma jornada, você sabe, para fazer coisas diferentes e aprender coisas diferentes e explorar. Até que um dia, um amigo meu, não um Waldo, era outro amigo, veio até mim e disse: ‘Ei, meu irmão está na guarda costeira dos Estados Unidos, e estão cultivando maconha por lá’. Então decidimos nos encontrar na frente de uma estátua que tinha na frente da escola às quatro e vinte da tarde”, contou Steve.

E deste encontro programado para acontecer após a aula, começou a nascer o horário oficial dos maconheiros no mundo: o 4:20. Os Waldos concordaram em se encontrar às 04 e 20 da tarde na frente da estátua do químico Louis Pasteur no campus da San Rafael High School para, então, sair em busca da plantação.

“A gente passava uns pelos outros durante o dia e falava: às 04 e 20, 4 e 20. Era como um código secreto nosso naquele dia. A propósito, o ditado original era: quatro e vinte no Louis”, conta David. 

Eles se encontraram, ficaram chapados e saíram em busca do paraíso. Mas, o sonho não foi perfeito. Eles não encontraram a plantação, mas iniciaram algo que marcaria a sociedade.

Este ato de se reunir após a aula na frente da estátua de Pasteur foi virando tradição para os Waldos. O local virou o ponto de encontro oficial da turma e 4 e 20, o horário oficial de encontro para fumar um e, então, sair em busca de aventuras.

“Esse era o nosso código secreto, poderíamos usá-lo na frente de nossos pais, professores, policiais, quem quer que fosse, e eles não sabiam do que estávamos falando. Então, usamos isso o tempo todo e, você sabe, foi apenas a ponta do iceberg”, contou David.

E o código foi passando de amigos para amigos, para outros amigos, para amigos da faculdade, familiares e, aos poucos, sem que eles percebessem, começou a virar gíria para ir fumar um baseado.

Outro fator que fez com que o 420 se popularizasse foi a banda Grateful Dead.  

“Bem, meu irmão Patrick foi um bom amigo de um baixista do Grateful Dead, Phil Lesh, e em 1975, quando a banda deu um hiato nas turnês, Phil tinha algumas bandas secundárias e perguntou a Pat, meu irmão, se ele administrava as bandas e pat me contratou para ser um rodi. Então eu estava nos bastidores em muitos shows, ficava chapado com eles e usava o 420. Eles riam, mas não sabiam o que era. Mas, eventualmente, começou a se espalhar e ganhar as pessoas nos bastidores”, contou David.

Ao certo, como saiu de um grupo da escola e ganhou o mundo, ninguém sabe dizer. Quem levou o termo para fora da Califórnia e dos Estados Unidos, não sabemos. Mas, sabemos que hoje, dia 20 de abril, é considerado o dia da maconha. 

Um dia ainda muito importante para a luta por uma planta livre e para que a sociedade possa entender que os anos de proibição foram muito danosos para grupos sociais, grupos estes que continuam a sofrer os impactos impostos por estas políticas públicas.

“Isso criou consciência em 20 de abril e muitos grupos de defesa da maconha começaram a usar essa data para pressionar a legalização da maconha, então acho que era dois mil o que era em 1994 a lei de maconha medicinal foi aprovada na Califórnia e o projeto de lei foi chamada de AB 420”, ressalta Steve.

420
Estes são os Waldos atualmente. Foto 420waldos.com

Os Waldos, mesmo 50 anos depois, continuam a se encontrar frequentemente. Por vezes fumam um baseado, por vezes tomam uma cerveja. Mas, sabem, que de um encontro em busca de aventuras de adolescente nasceu algo que conquistou a cultura canábica no mundo todo: o 420. Toda esta história esta documentada no site 420waldos.com