Dados do Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2019 identificou que o Brasil tem registrado, por ano, uma média de 39 mil novos casos de aids no país. O vírus da imunodeficiência humana, ou HIV, é um microrganismo que causa danos no sistema imunológico. As células que são os componentes do sistema imunológico, como os glóbulos brancos, ajudam o corpo a combater infecções causadas por fungos, vírus, bactérias e outros organismos estranhos.
Essas células ajudam a criar nossa imunidade natural adaptativa. Devido ao HIV destruir componentes essenciais do sistema imunológico, os pacientes estão menos equipados para combater infecções cotidianas e microorganismos mais graves.
Nos Estados Unidos, a cannabis está se tornando um tratamento alternativo popular para o controle dos sintomas do HIV/AIDS. Estudos recentes indicam que a cannabis pode até combater o HIV diretamente, reduzindo a carga viral, ajudando a retardar a progressão da doença.
Como os problemas com a imunidade estão no centro do HIV, pesquisadores analisam o efeito da cannabis na imunidade em pacientes com HIV. A regulação da função imune do sistema endocanabinoide pode desempenhar um papel na interrupção da progressão do HIV/AIDS.
O sistema endocanabinoide é conhecido por ter uma ampla gama de efeitos imunomoduladores, como impactar o crescimento e a sobrevivência de células imunes, a produção de citocinas pró-inflamatórias, ativação de células imunes e migração de células inflamatórias. Esses efeitos podem ajudar a neutralizar a inflamação sistêmica crônica que desempenha um papel central na persistência do HIV e explicar por que alguns estudos descobriram que os compostos à base de cannabis reduzem a carga viral do HIV.
Um estudo de 2015 relatou que pessoas recentemente infectadas com HIV que eram usuários pesados de cannabis tinham uma carga viral de HIV mais baixa. Achados semelhantes foram relatados por um estudo de 2016, onde os usuários de cannabis HIV-positivos tinham uma carga viral menor do que os não usuários.
Enquanto isso, um estudo em animais de 2011 em macacos rhesus analisou os efeitos do THC no vírus da imunodeficiência símia semelhante ao HIV (SIV). Os macacos receberam THC por 28 dias antes e vários meses após a infecção. O tratamento reduziu a progressão do SIV, com destaque para a redução da mortalidade precoce, retenção de massa corporal e menor carga viral. Além disso, um estudo de cultura de células de 2014 descobriu que o THC protegeu as células imunes da infecção pelo vírus HIV-1.
Mas, enquanto pesquisadores analisam a fundo a relação entre a cannabis e a diminuição da carga viral, ela pode ser benéfica em outros elementos que acompanham o HIV, como a regulação da dor.
O sistema endocanabinoide está presente e envolvido em todas as partes da via da dor, muito por conta dos receptores CB1 estarem difundidos em partes do sistema nervoso central e periférico implicados na detecção, transporte e processamento de sinais de dor.
Ademais, ele também desempenha um papel importante na regulação do apetite e da ingestão de alimentos.A ativação do receptor CB1 é conhecida por estimular o apetite, um efeito utilizado por medicamentos à base de THC. Da mesma forma, a ativação dos receptores CB1 também pode auxiliar a suprimir o vômito, outro problema comum para portadores de HIV/AIDS. Além disso, o sistema endocanabinóide regula a função intestinal.
O sistema endocanabinoide também tem sido implicado na saúde mental e pode desempenhar um papel em distúrbios como ansiedade e depressão.
O fato é que a cannabis como parte do tratamento é, ainda, algo muito inicial e, com o desenvolvimento da regulação nos países, novas pesquisas vão surgindo. Mas, para aliviar sintomas relativos ao HIV, ela já demonstrou seu potencial. Por isso, faz-se necessário, sempre, a conversa com o seu médico antes de iniciar qualquer tipo de tratamento.
Conheça a Dra. Amanda Medeiros
Dra. Amanda Medeiros Dias (Crm 39.234 PR) é médica com pós-graduação em pediatria e nutrologia pediátrica e, atualmente, está cursando Psiquiatria Infantil pelo CBI Miami. Possui Certificação Internacional Green Flower de Medicina Endocanabinoide.
Com experiência na prática clínica com crianças e adultos, visão integrativa olhando o paciente como um todo, possui experiência prática mesclando medicina com aromaterapia e cromoterapia, com foco na visão holística.
Além de prescritora, é paciente de cannabis medicinal desde 2018. Também é diretora técnica no Instituto Coração Valente e médica voluntária em projetos da UNA (Unidos pela Amazônia).
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