O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico e se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Na maioria dos casos aparece na infância e acompanha a pessoa por toda a vida. No Brasil, entre crianças e adolescentes de 4 a 18 anos, cerca de 4,4% sofrem de TDAH, de acordo com o Instituto Glia.
Uma das grandes características da síndrome é a dificuldade para manter o foco nas atividades e agitação motora causada, o que pode causar grandes prejuízos no aproveitamento escolar da criança. Os portadores da síndrome também estão sujeitos a desenvolver, simultaneamente, distúrbios psiquiátricos, como ansiedade e depressão.
Os remédios usados para tratar o TDAH têm efeitos colaterais que incluem problemas de sono, diminuição do apetite, atraso no crescimento em crianças, dores de cabeça, dores de estômago e casos horríveis de mau humor. Além de seu potencial para aliviar os sintomas do TDAH, a cannabis também é conhecida por tratar todos os efeitos colaterais mencionados.
Existe uma forte ligação entre o TDAH e a desregulação do sistema endocanabinoide – o que sugere que a ativação desse sistema pode levar à melhora de alguns pacientes. Além disso, estudos de caso e clínicos indicam que os portadores de TDAH podem ter respostas fora do padrão à cannabis.
A falta de regulação do sistema endocanabinoide pode causar problemas de foco e impulsividade, como já vimos em alguns estudos realizados com roedores. A transmissão anormal de dopamina é um aspecto fundamental do TDAH, e isso é modulado pelo sistema endocanabinoide. O receptor CB1 é crucial para esse tipo de sinalização de dopamina e, portanto, sua modulação ou ativação (talvez usando cannabis) poderia teoricamente ter um grande impacto nos sintomas de TDAH. E o THC, em especial, possui interação com o receptor CB1.
A dopamina é um importante neurotransmissor no sistema nervoso central que está envolvido em funções-chave como aprendizado, memória, controle motor e busca de recompensas.
A pesquisa, como um todo, aponta para a possibilidade de que a cannabis possa melhorar os sintomas do TDAH como a desatenção, hiperatividade, impulsividade e dependência de outros estimulantes da dopamina. Relatos de pacientes indicam que eles se sentem mais calmos, com melhor sono e menos inquietação.
O CBD também pode interagir com os receptores de dopamina, que desempenham um papel crucial na regulação de muitos aspectos do comportamento e da cognição, incluindo motivação e comportamento de busca de recompensas. O canabidiol repõe indiretamente os níveis de dopamina, interagindo com o sistema endocanabinoide do seu corpo para suprimir os neurônios que inibem a produção de dopamina. Uma vez que esses chamados inibidores de GABA são suprimidos, seu corpo pode produzir mais dopamina.
E, como os portadores da síndrome estão mais dispostos a desenvolver ansiedade e depressão, o canabidiol pode ser um aliado no tratamento, diminuindo o uso de medicamentos tradicionais que podem causar sérios efeitos colaterais.
Um estudo apontou que quando as pessoas com TDAH que fazem tratamento com cannabis tendem a usar menos medicamentos prescritos. O estudo foi publicado no Rambam Maimonides Medical Journal, e coletou dados de 53 pacientes que fazem uso medicinal de cannabis de Israel que foram diagnosticados com TDAH.
Em um dos únicos ensaios clínicos randomizados usando cannabis para adultos com TDAH, os pesquisadores deram aos participantes o spray Sativex, uma forma farmacêutica de cannabis que contém partes iguais de THC e CBD, por seis semanas. A pesquisa descobriram que o spray não afetou negativamente o desempenho cognitivo dos participantes. Ele levou a uma melhora nos resultados secundários, com uma redução na hiperatividade. Os pesquisadores sugeriram que essas melhorias podem ser porque tanto o THC quanto o CBD podem aliviar a ansiedade.
Em Israel, um estudo realizado com crianças também descobriu que uma combinação de CBD e THC (numa proporção de 20:1) ajudou a controlar a hiperatividade, insônia e ansiedade. O estudo foi realizado com 53 crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o transtorno compartilha os principais sintomas do TDAH, como dificuldade de concentração, impulsividade, insônia e hiperatividade. Entre 50-70% dos indivíduos com TEA também são diagnosticados com TDAH.
No geral, os canabinoides parecem potencializar a sinalização dopaminérgica nas regiões cerebrais relevantes para o TDAH. Juntos, CBD e THC com seu efeito ansiolítico e potencial impacto na sinalização dopaminérgica podem ser uma alternativa superior aos tratamentos farmacológicos existentes para o TDAH. No entanto, o tema ainda precisa de mais pesquisas. Por isso, lembre-se, converse sempre com o seu médico antes de iniciar qualquer tratamento com cannabis.
Conheça a Dra. Amanda Medeiros
Dra. Amanda Medeiros Dias (Crm 39.234 PR) é médica com pós-graduação em pediatria e nutrologia pediátrica e, atualmente, está cursando Psiquiatria Infantil pelo CBI Miami. Possui Certificação Internacional Green Flower de Medicina Endocanabinoide.
Com experiência na prática clínica com crianças e adultos, visão integrativa olhando o paciente como um todo, possui experiência prática mesclando medicina com aromaterapia e cromoterapia, com foco na visão holística.
Além de prescritora, é paciente de cannabis medicinal desde 2018. Também é diretora técnica no Instituto Coração Valente e médica voluntária em projetos da UNA (Unidos pela Amazônia).
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