A Pesquisa Nacional de Saúde, de 2019, apontou que 10,2% das pessoas com mais de 18 anos no Brasil sofrem de depressão. Segundo o IBGE, o número de pessoas que declaram ter recebido diagnóstico por algum profissional de saúde cresceu 34% de 2013 a 2019. Um número alto e com tendências de crescimento, principalmente por conta da pandemia de Covid-19.
Semelhante a outros problemas médicos, a depressão pode se apresentar de várias maneiras. Muitas pessoas que desenvolvem depressão têm problemas com sono, algumas também se sentem culpadas por coisas que não são culpa delas. A depressão também pode apresentar mudanças no estado emocional, levando a grandes mudanças de humor.
Antes de entrarmos no tema cannabis e depressão, se você tem algum destes sintomas, deve consultar e ter acesso a um profissional de saúde mental para ajudá-lo.
Cannabis e depressão
O tão famoso, por aqui, Sistema Endocanabinoide está diretamente envolvido na regulação do humor. Um estudo realizado em animais, identificou que aqueles com depressão demonstraram que o Sistema Endocanabinoide não estava funcionando corretamente.
Um estudo em roedores descobriu que baixas doses de uma substância ativadora de CB1, receptor presente em nossos Sistema Endocanabinoide, aumentaram a atividade antidepressiva e as respostas da serotonina em intervalos semelhantes a um antidepressivo ISRS. No entanto, o mesmo estudo descobriu que altas doses tiveram um efeito oposto a uma resposta bifásica que é frequentemente vista na cannabis. um tratamento útil.
Muitos medicamentos prescritos tratam a depressão alterando os níveis de serotonina, que é um neurotransmissor no cérebro que faz com que as pessoas se sintam felizes. Existem algumas evidências de que o CBD pode alterar os níveis de serotonina, tornando-o um tratamento eficaz para a depressão.
Um estudo publicado em 2018 analisou os efeitos do CBD no combate à depressão em roedores e descobriu que uma única dose pode induzir efeitos semelhantes a antidepressivos rápidos e sustentados.
Em 2014, uma revisão de estudos usando modelos animais descobriu que “o CBD exibiu efeitos ansiolíticos e antidepressivos em modelos animais discutidos”. Dito isso, isso pode estar relacionado aos níveis de serotonina no sistema nervoso central, de acordo com um estudo realizado com roedores em 2018.
Um estudo publicado em 2018 descobriu que os usuários de cannabis perceberam uma redução de 50% nos sintomas de depressão. O estudo descobriu que a cannabis com baixo THC / alto CBD foi melhor para reduzir os sintomas percebidos de depressão.
O grande auxílio da cannabis no tratamento da depressão também pode ser encontrado na condição dos medicamentos. No país do Rivotril, o uso de antidepressivos tem crescido constantemente. Um estudo mostrou que o número de brasileiros que fazem uso de antidepressivos cresceu 23% em 4 anos, de 2014 a 2018. Os efeitos colaterais dos antidepressivos podem acabar trazendo problemas secundários para o paciente: como sono, peso, alteração de humor.
Outro fator importante a ser levado em conta é a neurogênese causada pelo THC. Um estudo realizado em 2005 pela Universidade de Saskatchewan, no Canadá, pesquisadores descobriram que o THC faz com que novas células cerebrais cresçam. Este processo é a “neurogênese”, ela se refere a todo o processo de criação de um neurônio funcional no sistema nervoso a partir de uma célula-tronco neural. E, como pode-se ver neste estudo publicado na Nature, as alterações na taxa de neurogênese desempenham um papel fundamental na patologia e no tratamento da depressão.
Apesar de a cannabis apresentar potencial em certos casos, ele também pode interferir com outros medicamentos prescritos a depender da dosagem. No CBD, por exemplo, a utilização de 100 miligramas por mililitro passa a representar um sinal de alerta podendo causar interações mais fortes. Portanto, converse sempre com o seu médico antes de iniciar qualquer tratamento com cannabis.
Conheça a Dra. Amanda Medeiros
Dra. Amanda Medeiros Dias (Crm 39.234 PR) é médica com pós-graduação em pediatria e nutrologia pediátrica e, atualmente, está cursando Psiquiatria Infantil pelo CBI Miami. Possui Certificação Internacional Green Flower de Medicina Endocanabinoide.
Com experiência na prática clínica com crianças e adultos, visão integrativa olhando o paciente como um todo, possui experiência prática mesclando medicina com aromaterapia e cromoterapia, com foco na visão holística.
Além de prescritora, é paciente de cannabis medicinal desde 2018. Também é diretora técnica no Instituto Coração Valente e médica voluntária em projetos da UNA (Unidos pela Amazônia).
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