Você já deve ter ouvido falar que a cannabis pode ser útil no tratamento de náuseas e vômitos. Náuseas e vômitos (vômitos) são respostas protetoras e defensivas utilizadas para evitar a ingestão ou digestão de uma substância potencialmente nociva.
A náusea é uma experiência aversiva que vem antes do vômito, que leva à “expulsão forçada do conteúdo gástrico e/ou intestinal superior”. Curiosamente, a náusea é um reflexo sensível que pode ser facilmente ativado por uma ampla gama de condições, como enxaquecas, diabetes ou enjôo.
E, justamente nestas condições que a cannabis pode ser útil. Estudos clínicos, principalmente em pacientes com câncer, mostram que tanto o THC quanto o CBD podem reduzir esses sintomas.
Por ser um dos remédios mais antigos da humanidade, o uso de cannabis para náuseas e vômitos não é recente e o reconhecimento de sua utilidade por parte da comunidade científica, também não. O tratamento da náusea também foi um dos primeiros benefícios médicos da cannabis reconhecidos pela comunidade médica moderna e é um dos usos mais bem apoiados da cannabis, com base em pesquisas.
Tratar essa náusea foi um dos usos médicos da cannabis que ajudou a motivar o esforço de legalização da cannabis medicinal. De fato, tratar náuseas de câncer e HIV foi um dos usos médicos da cannabis que estimulou o movimento de legalização nos primeiros anos.
Os sintomas de náusea podem ser tão intensos que até 20% dos pacientes com câncer descontinuaram o tratamento quimioterápico potencialmente salvador por causa desse efeito colateral.
Mas, cientificamente, qual é a explicação? O Sistema Endocanabinoide é a resposta. Um estudo realizado com humanos demonstrou que os endocanabinoides, produzidos anandamida e 2-AG, tendem a ser mais baixos em humanos que sofrem de enjôo. Esses pacientes também tinham menos receptores CB1, um receptor primário no sistema endocanabinoide.
O vômito é frequentemente desencadeado pela liberação de serotonina (5-HT) das células do revestimento do trato gastrointestinal. Estudos em animais sugerem que os agonistas do receptor CB1, como o THC, reduzem a liberação intestinal de 5-HT, diminuindo assim o desencadeamento da náusea.
De acordo com uma revisão da literatura sobre este tópico, “em humanos e em modelos animais, canabinoides derivados de plantas, canabinoides sintéticos e endocanabinoides inibem a emese evocada periférica ou centralmente com drogas ou estímulos naturais”. Onde foi examinado, esses efeitos anti-vômito são mediados pelos receptores CB1 no complexo vagal dorsal do cérebro.
Além disso, evidências de estudos em animais sugerem que os canabinóides “podem ser especialmente úteis no tratamento dos sintomas mais difíceis de controlar de náusea e náusea antecipatória em pacientes de quimioterapia”.
O CBD demonstra ser eficaz ao ajudar a aliviar a náusea de forma mais eficaz do que o THC. Isso ocorre porque o CBD não tem os efeitos psicoativos que o THC tem. Segundo os pesquisadores, acredita-se que o CBD alivie a náusea e iniba o vômito ativando os receptores somatodendríticos 5-HT1A no núcleo dorsal da rafe (DRN) do cérebro. A ativação dos receptores somatodendríticos 5-HT1A diminui a liberação de 5-HT.
Já o THC é bom para náuseas porque é um antiemético eficaz, o que significa que ajuda a controlar náuseas e vômitos. O THC funciona bloqueando os receptores 5-HT3 na área do cérebro que controla o vômito. Ao bloquear estes receptores, o THC é capaz de ajudar a controlar náuseas e vômitos.
Mas, lembre-se, antes de iniciar qualquer tratamento com cannabis, converse sempre com o seu médico para entender melhor o seu quadro e qual tipo de tratamento pode ser mais eficaz.
Conheça a Dra. Amanda Medeiros
Dra. Amanda Medeiros Dias (Crm 39.234 PR) é médica com pós-graduação em pediatria e nutrologia pediátrica e, atualmente, está cursando Psiquiatria Infantil pelo CBI Miami. Possui Certificação Internacional Green Flower de Medicina Endocanabinoide.
Com experiência na prática clínica com crianças e adultos, visão integrativa olhando o paciente como um todo, possui experiência prática mesclando medicina com aromaterapia e cromoterapia, com foco na visão holística.
Além de prescritora, é paciente de cannabis medicinal desde 2018. Também é diretora técnica no Instituto Coração Valente e médica voluntária em projetos da UNA (Unidos pela Amazônia).
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