Comumente quando falamos sobre os fitocanabinóides, rapidamente lembramos dos mais abundantes como o THC e o CBD. Mas, todos os canabinoides começam em suas versões ácidas, que se originam de um canabinoide precursor, conhecido como CBGA (ácido canabigerólico). E é justamente sobre os ácidos canabinoides que vou tratar na coluna desta semana.
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Todos os canabinoides começam em suas versões ácidas e, geralmente, se originam de um canabinoide mãe: o ácido canabigerol (CBGA). Uma vez que a planta produz CBGA, à medida que ela cresce e se metaboliza, normalmente transforma esse canabinoide em um dos três durante seu ciclo de crescimento: ácido tetrahidrocanabinólico (THCA), ácido canabidiólico (CBDA) ou ácido canabicromênico (CBCA). Estes são compostos ácidos e carboxilatos.
Todos esses canabinoides têm uma cadeia lateral com um átomo de carbono de cinco cadeias ligado. Uma combinação de calor, exposição à luz e tempo, esses canabinoides ácidos passam por descarboxilação e faz com que estes percam o carbono presente. A descarboxilação (fumar, vaporizar, curar, assar ou qualquer outro método) cria outra camada de canabinoides: THC, CBD, CBC.
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Essas formas neutras podem continuar a se transformar no que é chamado de “produto de degradação”. Utilizando o THC como exemplo: se ele fosse exposto ao calor, luz ou oxidação ao longo do tempo, ele continuaria a se transformar e poderia se transformar em CBN ou Delta-8 THC, o “produto de degradação” do THC. Eles também são canabinoides de uso medicinal, mas produzem efeitos distintos.
Imagem: Artigo – The biosynthesis of the cannabinoids
CBGA
Alguns estudos já começam a demonstrar que o CBGa pode ser capaz de tratar condições como o Alzheimer, esquizofrenia e câncer. Aparentemente agindo como um antagonista de baixa afinidade para os receptores CB1, o CBGa contribui para o Efeito Comitiva, tornando o corpo mais receptivo a outros canabinoides, ou seja, ele ajuda o corpo a processá-los.
Recentemente uma pesquisa de farmacologistas da Universidade de Sydney trouxe novos insights sobre como os ácidos canabinoides podem funcionar no tratamento da epilepsia.
O estudo relata pela primeira vez que três canabinoides ácidos encontrados na cannabis reduziram as convulsões em um modelo de camundongo da síndrome de Dravet, uma forma intratável de epilepsia infantil.
A triagem inicial identificou três fitocanabinoides com novas propriedades anticonvulsivantes: CBGA, ácido canabidivarínico (CBDVA) e ácido canabigerovarino (CBGVA). De acordo com a publicação, o CBGA foi mais potente e potencializou os efeitos anticonvulsivantes do clobazam contra convulsões induzidas por hipertermia e espontâneas, e foi anticonvulsivante no teste de limiar MES.
Como conclusão do estudo, os pesquisadores acreditam que o CBGA, CBDVA e CBGVA podem contribuir para os efeitos dos produtos à base de cannabis na epilepsia infantil.
THCA
O Δ9-tetrahidrocanabinol (Δ9-THC), é um canabinoide ácido chamado ácido Δ9-tetrahidrocanabinólico A (THCa), ele pode ser encontrado principalmente em flores de cannabis frescas e secas e se degrada rapidamente em Δ9-THC após exposição ao calor, oxigênio e luz UV.
Embora o THCa seja menos estudado que o Δ9-THC, como todos os canabinoides, o potencial terapêutico é significativo. Ele é um dos poucos que ocorre naturalmente em níveis extremamente altos em material vegetal fresco. Pode representar até 90% do Δ9-THC disponível em flores frescas de cannabis.
Como agonista CB1, ele apresenta qualidades anti-inflamatórias, é neuroprotetor e, também, apresenta efeitos antineoplásicos.
CBDA
O ácido canabidiólico (CBDa) é o precursor do canabidiol (CBD), assim como o ácido Δ9-tetrahidrocanabinólico A (THCa) é o precursor do Δ9-tetrahidrocanabinol (Δ9-THC).
Embora grande parte dos canabinoides se ligue diretamente aos receptores CB1 ou CB2 do sistema endocanabinoide, o CBDA atua de uma forma distinta. Ele interage inibindo a enzima ciclooxigenase-2 (COX-2), elas estão associadas à inflamação após uma lesão ou infecção, portanto, ao bloquear as enzimas COX-2, o CBDA pode aliviar a inflamação e a dor associada.
Em um estudo com roedores, os cientistas descobriram que o CBDA afetava os níveis de serotonina, uma substância química produzida pelas células nervosas para ajudar na sinalização entre as células. A serotonina é vital para as funções humanas essenciais, como habilidades motoras, sono, alimentação, digestão e emoções.
Lembrando, antes de você iniciar qualquer tratamento com medicamentos à base de cannabis, consulte sempre o seu médico.
Dra. Amanda Medeiros Dias (Crm 39.234 PR) é médica com pós-graduação em pediatria e nutrologia pediátrica e, atualmente, está cursando Psiquiatria Infantil pelo CBI Miami. Possui Certificação Internacional Green Flower de Medicina Endocanabinoide.
Com experiência na prática clínica com crianças e adultos, visão integrativa olhando o paciente como um todo, possui experiência prática mesclando medicina com aromaterapia e cromoterapia, com foco na visão holística.
Além de prescritora, é paciente de cannabis medicinal desde 2018. Também é diretora técnica no Instituto Coração Valente e médica voluntária em projetos da UNA (Unidos pela Amazônia).
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