Temos observado a cada dia o aumento do acesso à utilização medicinal da cannabis no país. Isso é um fato notório, cada vez mais os pacientes chegam aos médicos perguntado sobre a utilização da cannabis para o seu quadro de saúde. No entanto, graças ao proibicionismo e seus frutos, este acesso ainda é muito limitado, principalmente pela cor e classe social do paciente.
No Brasil, as faculdades de medicina, em sua maioria, não abordam o Sistema Endocanabinoide, deixando um espaço na formação dos médicos. Isso explica a baixa quantidade de médicos prescritores no país. O nosso Sistema Único de Saúde também não está preparado quando falamos sobre cannabis, temos pequenas iniciativas que começam a surgir.
Nesta semana tive a felicidade de visitar o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, para participar de aulão sobre a utilização medicinal da cannabis para médicos da rede pública de saúde do Rio de Janeiro que atendem comunidades carentes. A sala de aula estava lotada, foram mais de 70 médicos presentes, e saí de lá com duas certezas: a primeira é de que este é o caminho a ser tomado e a segunda é a de que ainda há muito a se fazer.
O aulão fez parte do projeto que a Fundação Redwood faz em parceria com a Neem – Núcleo de Estimulação Estrela de Maria – que trabalha com famílias com crianças atípicas no Complexo do Alemão. O projeto leva a mais de 350 famílias do Complexo do Alemão e de outras 80 comunidades carentes do Rio de Janeiro o acesso à cannabis medicinal.
Em parceria com o Neem, que faz o acolhimento, cadastro e triagem das famílias, a Fundação Redwood fornece os medicamentos prescritos pelos médicos parceiros do projeto, mais de 30.
No entanto, estas famílias são atendidas no dia a dia por médicos que já estão presentes nas comunidades. E, poucos possuem conhecimento sobre a medicina canabinoide. Esta lacuna acaba criando barreiras para aqueles que buscam e necessitam de tratamentos com cannabis.
Por isso, estar presente em um aulão para mais de 70 médicos que estão presentes no dia a dia destas pessoas foi fundamental. Para quebrar as barreiras do proibicionismo necessitamos educar, incluir e capacitar.
O projeto conta com a parceria de outra instituição maravilhosa que conheço, a ONG Santa Cannabis. Através deles as famílias recebem assessoria jurídica para poder obter através do Sistema Único de Saúde os medicamentos à base de cannabis.
Além disso, as famílias também contam com um projeto de geração de renda, de saúde bucal, e de atendimento psiquiátrico e psicológico. Estas mães, em sua maioria, são negras, solteiras e vivem sobrecarregadas com as demandas do dia a dia, além de todo o estigma social imposto nelas.
O avanço da terapia canabinoide no Brasil não pode deixar de incluir e reparar. É nosso dever como médicos prescritores, favorecidos por todo o sistema que há na sociedade em que vivemos, quebrar as barreiras impostas e levar o conhecimento a todos. Somente assim será possível uma regulamentação justa, eficaz e equânime.
Conheça a Dra. Amanda Medeiros
Dra. Amanda Medeiros Dias (Crm 39.234 PR) é médica com pós-graduação em pediatria e nutrologia pediátrica e, atualmente, está cursando Psiquiatria Infantil pelo CBI Miami. Possui Certificação Internacional Green Flower de Medicina Endocanabinoide.
Com experiência na prática clínica com crianças e adultos, visão integrativa olhando o paciente como um todo, possui experiência prática mesclando medicina com aromaterapia e cromoterapia, com foco na visão holística.
Além de prescritora, é paciente de cannabis medicinal desde 2018. Também é diretora técnica no Instituto Coração Valente e médica voluntária em projetos da UNA (Unidos pela Amazônia).
Para entrar em contato com a Dra. Amanda Medeiros:
E-mail: contato@institutocoracaovalente.com.br
Telefone – (41) – 99725-1582
Siga a Dra. Amanda também no Instagram