Nesta sexta-feira Janja Lula, primeira dama do Brasil, e Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, estiveram no Complexo do Alemão para conversar com mais de 50 mulheres sobre habitação, saúde, educação, segurança alimentar e, também, ouvir sobre o papel terapêutico da cannabis.
A responsável por falar sobre maconha com a primeira dama e a ministra foi a mãe atípica Rafaela França. Rafa tem 40 anos e no auge da pandemia de Covid 19 descobriu algo fora da normalidade estava acontecendo com sua filha Maria. Por conta do autismo, Maria teve uma regressão e, então, decidiu pedir ajuda para o tratamento da ‘estrelinha’, como Maria também é conhecida.
A chuva de solidariedade dos moradores do Complexo fez com que Rafaela conseguisse dinheiro para bancar parte do tratamento da Maria e, também, despertou um desejo no coração de Rafa: nenhuma criança da favela iria precisar chorar, o que a família de Rafa chorou, para ter acesso à dignidade e aos direitos.
Foi então que ela resolveu criar o Neem – Núcleo de Estimulação Estrela de Maria, que trabalha com promoção de saúde, acesso a direitos, acompanhamento escolar e todo o suporte para famílias de crianças atípicas da favela.
Em parceria com o Neem, que faz o acolhimento, cadastro e triagem das famílias, a Fundação Redwood e a USA Hemp Brasil oferecem os medicamentos prescritos pelos médicos parceiros do projeto.
Por isso, nesta sexta-feira, Rafaela fez questão de pegar o microfone e falar sobre a cannabis para a primeira dama do Brasil e para Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial.
“Em 2021, na pandemia, a Maria parou de ter habilidades, regrediu. E aí a favela, muito obrigado, sempre ajudando, fez uma vaquinha e nós conseguimos acesso ao tratamento. Maria precisou do canabidiol, que a gente trouxe dos Estados Unidos. Eu me vi perdida, mas graças a Deus conseguimos. Desde aí, a luta da favela não foi em vão, eu fundei um projeto que dá acesso à cannabis medicinal a moradores de favela do Rio de Janeiro. Hoje nós atendemos mais de 70 favelas no estado e cuidamos de muitas mulheres que estão aqui com cannabis medicinal”, destacou Rafaela em depoimento.
“Hoje a cannabis medicinal vem salvando vidas, vem regulando muitas mulheres que estão aqui e que estão fazendo uso através do projeto e muitas crianças que estão esquecidas e presas dentro de casa. Nenhuma criança presa dentro de casa, desregulada, consegue frequentar movimento social que está aqui, porque ela não tem esta acessibilidade. Então, eu gostaria muito, com todo o coração, que esta pauta de inclusão e, também, de uma facilitação do diagnóstico e estimulação precoce pelo SUS seja mais coerente… Então, eu agradeço este tempo, e eu posso falar, é uma favelada falando de maconha para a primeira dama. A maconha, além de salvar vidas, ela pode também diminuir o encarceramento, diminuir questões de segurança pública”, complementou Rafaela.
Após sua fala, Rafaela contou ao Weederia que a primeira dama pretende realizar um encontro para conversar e entender mais sobre a situação do autismo e da cannabis no Brasil e que ficou com dados do projeto para entender ainda mais.
O NEEM atende mais de 320 crianças, sendo 75% filhas de mães que criam os filhos sozinhas. Hoje, graças a parcerias como a existente com a Fundação Redwood e a USA Hemp, oferece consultas médicas gratuitas, acompanhamento de evolução das crianças, apoio psicológico para as mães, ações de cuidados odontológicos para atípicos e não atípicos, e realiza projetos de geração de renda para retomada de dignidade e autonomia na comunidade.
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