Um estudo interdisciplinar da Universidade de Chigaco publicado na Science Advances no último dia 20 deste mês de janeiro encontrou evidências de que o canabidiol (CBD), um dos compostos presentes na maconha, pode inibir a infecção por SARS-CoV-2 em células humanas e em camundongos.
Os pesquisadores do estudo “Cannabidiol Inhibits SARS-CoV-2 Replication through Induction of the Host ER Stress and Innate Immune Responses” também descobriram que o CBD mostrou uma associação negativa significativa com testes positivos para SARS-CoV-2 em uma amostra nacional de prontuários médicos de pacientes que tomam o medicamento aprovado pela FDA para o tratamento da epilepsia.
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Para realizar o estudo, os pesquisadores trataram células pulmonares humanas com uma dose não tóxica de CBD por duas horas antes de expô-las ao SARS-CoV-2 e monitorá-las quanto ao vírus e à proteína do pico viral. A descoberta foi: acima de uma certa concentração limite, o CBD inibe a capacidade de replicação do vírus. Investigações posteriores descobriram que o CBD teve o mesmo efeito em dois outros tipos de células e em três variantes do SARS-CoV-2, além da cepa original.
“O CBD tem efeitos anti-inflamatórios, então pensamos que talvez parasse a segunda fase da infecção por COVID envolvendo o sistema imunológico, a chamada ‘tempestade de citocinas’. Surpreendentemente, inibiu diretamente a replicação viral nas células pulmonares”, disse Marsha. Rosner, PhD, e professora da Charles B. Huggins no Departamento de Pesquisa do Câncer de Ben May.
No estudo, o CBD foi eficaz em bloquear a replicação no início do ciclo de infecção e seis horas após o vírus já ter infectado a célula. Os pesquisadores também realizaram testes em camundongos. A equipe mostrou pré-tratamento com CBD por uma semana antes da infecção com infecção suprimida por SARS-CoV-2 tanto no pulmão quanto nas passagens nasais de camundongos. “Esses resultados fornecem grande suporte para um ensaio clínico de CBD em humanos”, disse Rosner.
A equipe também fez uma análise de 1.212 pacientes do National COVID Cohort Collaborative e ela revelou que os pacientes que tomam uma solução oral de CBD prescrita para o tratamento da epilepsia testaram positivo para COVID-19 em taxas significativamente mais baixas do que uma amostra de pacientes pareados de origens demográficas semelhantes que não estavam tomando CBD.
Muita calma nessa hora. Assim como no estudo publicado na última semana, estas descobertas não são definitivas e necessitam de mais pesquisas, como os próprios cientistas ressaltaram. Os autores deste estudo também alertam que ‘os efeitos de bloqueio do COVID do CBD vêm apenas de uma dose especialmente formulada e de alta pureza, tomada em situações específicas. As descobertas do estudo não sugerem que o consumo de produtos comercialmente disponíveis com aditivos de CBD que variam em potência e qualidade possa prevenir o COVID-19’.
“É necessário um ensaio clínico para determinar se o CBD é realmente eficaz na prevenção ou supressão da infecção por SARS-CoV-2, mas achamos que isso pode ter potencial como tratamento profilático”, disse Rosner. “Talvez você esteja em um ponto quente ou pense que pode ter sido exposto ou acabou de testar positivo – é aí que achamos que o CBD pode ter um efeito.”
Com informações da Universidade de Chicago