Matéria originalmente publicada em The Cannigma e adaptada ao Weederia com autorização
por Ben Hartman

Um novo estudo realizado com mães canadenses identificou que mulheres que usaram cannabis durante a gravidez apresentaram mais riscos de dar à luz bebês diagnosticados com autismo (transtorno do espectro autista – TEA). No entanto, um especialista advertiu ao público a não tirar conclusões relacionadas à causalidade entre os dois temas. 

estudo, publicado na Nature Medicine, realizou uma análise retroativa dos nascidos em Ontário, no Canadá, entre 1º de abril de 2007 e 31 de março de 2012. O enfoque foi sobre os resultados do neurodesenvolvimento infantil. Os pesquisadores reportaram que a incidência de diagnóstico de TEA ocorreu em quatro a cada mil crianças analisadas. Já dentre as crianças não expostas à cannabis durante a gravidez, a proporção foi de 2,42 para cada 1.000.

“Este é um primeiro passo interessante”, declarou Danielle Fallin, diretora do Centro Wendy King para Autismo e Deficiências de Desenvolvimento. O centro faz parte da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Blomberg. Apesar disso, ela complementou que “é necessário muito mais evidências para implicar o uso de cannabis pela mulher durante sua gravidez ao risco de autismo nos bebês”, explicou em e-mail enviado à NBC News

Cresce o uso de cannabis entre gestantes

Segundo os pesquisadores, houve uma incidência maior da incidência de autismo em bebês paridos por gestantes usuárias de cannabis durante a gravidez. Mas, importante frisar, ela não é “estatisticamente robusta”, de ocorrências de deficiência intelectual e distúrbios de aprendizagem. 

“Existem receptores canabinoides presentes no feto. Portanto, a exposição à cannabis pode afetar as conexões em desenvolvimento em seu cérebro”, disse o autor principal do estudo, Daniel Corsi, à NBC

Nos últimos anos, várias pesquisas norte-americanas observaram o aumento do uso de cannabis entre mulheres grávidas, principalmente em Estados onde a cannabis foi legalizada. Um deles, publicado em maio de 2020, apontou crescimento de 6% para 11% após a legalização do uso da planta na Califórnia. 

Já um estudo realizado no Canadá apontou um aumento de 1,2% em 2012 para 1,8% em 2017.

Uma tendência semelhante foi encontrada em um outro estudo realizado nos EUA. Este apontou que, de 2002 a 2014, o uso de maconha entre mulheres que estão no último mês de gestação aumentou de 2,4% para 3,9%. 

Evidências insuficientes

Embora algumas vezes, a cannabis seja recomendada como medicamento para os enjoos matinais, muitos médicos alertam contra seu uso durante a gravidez. Em janeiro de 2020, o Office of Environmental Health Hazard Assessment da Califórnia incluiu a cannabis e a fumaça de THC na lista de “produtos químicos naturais e sintéticos que são conhecidos por causar câncer, defeitos congênitos ou outros danos reprodutivos”. 

Já uma meta-análise de 2016 concluiu que “a exposição ao THC resultou em menor peso e mais chances de necessidade de internação em unidade neonatal”.

Os médicos em geral aconselham que as mulheres grávidas evitem a cannabis durante a gravidez. No entanto, há pesquisas promissoras a respeito do uso da planta como um tratamento eficaz para crianças com autismo.