Por Natalia Kesselman

David Morales Díaz é um fotógrafo de origem mexicana que deu um toque inovador à clorotipagem (uma técnica de impressão natural em material vegetal): em vez de capturar imagens em folhas comuns de árvores, ele o faz em folhas de maconha.

A sorte de Morales em 2020 havia sido, à primeira vista, ruim: com a pandemia, ele perdeu o emprego permanente em uma revista de entretenimento. No entanto, esse revés lhe deu tempo e a oportunidade de retomar a experimentação com a clorotipagem, técnica que ele já conhecia e estudava há mais de uma década.

“Passei por um processo de tentativa e erro até obter bons resultados”, explica o fotógrafo. Embora esta técnica quase não exija materiais, requer muita experimentação para alcançar os resultados desejados, uma vez que tem sido pouco estudada.

Ao mesmo tempo, a crescente normalização da cannabis no México e no mundo abriu infinitas possibilidades para todos os tipos de pessoas, já que os benefícios da planta vão muito além de seu uso recreativo ou medicinal.

Assim, a preparação encontrou a oportunidade e, apenas dois anos depois, as obras de Morales são exibidas em museus renomados ao redor do mundo.

O que é clorotipagem?

É uma alternativa para a reprodução de imagens e/ou fotografias em folhas de plantas ou pétalas de flores. Nenhum produto químico industrial é usado: apenas a luz solar e a clorofila da própria planta são necessárias.

Para realizar o processo, o negativo de uma fotografia é iniciado e os raios do sol são usados ​​como um “ampliador”. O negativo é colocado na folha ou pétala a ser utilizado e fica exposto à luz do sol por longos períodos, criando sombras na superfície, explica TotenArt.

Clorotipagem na maconha, a arte única de David Morales

Um dia, Morales recebeu uma missão peculiar: um cliente queria um clorotipo em uma folha de maconha. Vale ressaltar que, devido à sua composição fibrosa, a folha de cannabis é ideal para realçar detalhes com essa técnica. Isso abriu um mundo de possibilidades para o artista.

Mas é claro que o fotógrafo não era um “usuário de maconha” antes e, por motivos óbvios, o acesso à sua matéria-prima, sua tela, era um desafio. “Foi um grande desafio, tive que ir a conhecidos usuários de maconha, que me forneceram as folhas para que eu pudesse fazer o trabalho”, diz ele ao Ciudad Cannabis.

Da mesma forma, ele teve que enfrentar preconceitos (outros e seus próprios) e medos em relação à cannabis – e os superou com sucesso. No entanto, e embora apoie os avanços na matéria, Morales afirma que não promove o consumo de cannabis: “o único consumo que incentiva é o da arte”.

Dado o seu cunho de capturar imagens de pessoas famosas, Morales recebeu um convite do Museu Frida Kahlo, na Cidade do México, para retratar a pintora em folhas de cannabis. Pouco depois, foi abordado pelo Museu da Cannabis, onde suas obras podem ser vistas hoje. Finalmente, sua obra chegou ao velho continente e hoje pode ser vista na Hemp Museum Gallery, em Amsterdã, na Holanda.

Faça você mesmo: David Morales dá um curso

Neste domingo, 6 de março, no Museu do Brinquedo Antigo (Cidade do México), será realizada a primeira aula sobre técnicas de impressão fotográfica em plantas clorotípicas e antotípicas.

Aqui deixamos-lhe os dados básicos:

Início: 06 de março de 2022

Duração do curso: 6 aulas

Horário: 11h às 13h

Preço (por classe): MXN 50

Kit de materiais: MXN 100

Local: Museu do Brinquedo Antigo (Rua Dr. Olvera 15, Doctores, Cuauhtémoc, CDMX)

Para mais informações pode contactar o número de telefone 5555882100 ou enviar um email para carolpa.mujam@gmail.com.
Matéria originalmente publicada no site El Planteo e adaptada ao Weederia com autorização

Imágenes via Arte en Clorofila