Por Lucía Tedesco
Estudos realizados em cabelos humanos confirmaram que drogas alucinógenas eram usadas há mais de 3 mil anos. Em escavações arqueológicas na gruta funerária e de culto da Idade do Bronze de Es Càrritx, em Menorca, foram encontradas mechas de cabelo, cuja análise química determinou a utilização de alcaloides, efedrina, atropina e escopolamina.
Graças a essa descoberta, o uso de plantas portadoras de alcaloides começou a ser explorado na época mencionada. “Agentes psicoativos podem ser preservados por milênios, análises químicas de restos arqueológicos podem fornecer evidências indiretas do uso de drogas no passado”, explicaram os autores do estudo no Scientific Reports.
Segundo os pesquisadores, os alucinógenos eram usados para realizar cerimônias espirituais, pois “os poderosos efeitos mentais e comportamentais dessas plantas as tornaram ingredientes indispensáveis em preparações botânicas usadas por xamãs em todo o mundo em rituais de adivinhação, profecia e êxtase.
No entanto, embora os achados estivessem em um recinto funerário, fontes etnobotânicas contribuíram para a investigação de que plantas como a mandrágora e o carrapato tinham uso medicinal naquela época. Por exemplo, a mandrágora era usada como sedativo e a erva daninha Jimson, junto com a flor branca de meimendro, servia como antiasmático.
Drogas alucinógenas em populações antigas
Agentes psicoativos são preservados por milênios. Essa qualidade permitiu que os alcaloides do ópio fossem detectados em recipientes da Idade do Bronze Final do Mediterrâneo oriental. Além disso, diferentes compostos alucinógenos, como nicotina, triptaminas e alcaloides tropânicos, foram encontrados em artefatos pré-hispânicos na América.
“A evidência direta da ingestão de drogas por populações antigas é derivada da análise química de restos humanos”, revelou a pesquisa. Através dessas análises, alcaloides psicoativos foram encontrados em todo o mundo: em amostras de cabelo de múmias pré-hispânicas americanas, em ossos humanos da China pré-histórica, em minas variscitas do final do Neolítico em Gavá (perto de Barcelona), em esqueletos da cultura Beaker de sul da Alemanha, em múmias do antigo Egito e no esmalte dentário de indivíduos da Idade do Ferro no Vietnã. Embora algumas dessas análises tenham sido questionadas pelos métodos utilizados, é evidente o uso de drogas alucinógenas na antiguidade.
Matéria originalmente publicada no site Benzinga e adaptada ao Weederia com autorização