Em 2022 foi uma grande surpresa. Corredores lotados, pessoas curiosas e estandes cheios na primeira edição da Medical Cannabis Fair. Em 2023, foi a consolidação. A Medical Cannabis Fair, mais uma vez, reuniu milhares de pessoas do Expo Center Norte e, por dois dias, foi o centro do debate sobre a cannabis no país.
Milhares de pessoas, entre médicos, ativistas, políticos e, também, curiosos, estiveram dentre os presentes para conhecer as novidades do universo da cannabis, principalmente para uso medicinal, no Brasil. O evento também contou com a segunda edição do Congresso Brasileiro de Medicina Canabinoide, que debateu questões médicas, políticas e do agrobussiness.
Kaule: o cânhamo que chamou atenção
Um dos destaques do evento foi o lançamento da marca de roupas Kaule Hemp. A empresa traz como diferencial o uso do tecido de cânhamo e fibra de bambu em suas peças. O uso do cânhamo para a fabricação de roupas e outros produtos vem ganhando cada vez mais espaço por ser uma alternativa sustentável em relação a outros materiais utilizados na indústria têxtil.
Não precisou de muito tempo de feira para que as filas no estande da Kaule se formassem e os produtos, um a um, fossem vendidos. Afinal, cada vez mais estamos vendo o crescimento da moda sustentável e o cânhamo é um dos principais elementos desta nova tendência.
Associações presentes
Diferente de 2022, quando as associações não possuiram um espaço, a Medical Cannabis Fair deste ano separou um grande local para receber as associações de pacientes e, desta forma, possibilitar que elas realizassem um atendimento ao público que frequentou o evento.
“É extremamente importante poder ver as associações próximas da gente e poder trocar informações com ela. Estou em busca de um tratamento para meus avós e vim para a Medical Cannabis Fair para conhecer as possibilidade e tirar algumas dúvidas”, contou o estudante Leandro.
Assim como as associações, inúmeras empresas marcaram presença pela primeira vez no evento. Pudemos observar uma ‘troca de empresas’ presentes na segunda edição da Medical Cannabis Fair.
Das que estiveram em 2022 e repetiram o feito em 2023, destaque para a Kaya Mind, que, além do trabalho de análise de mercado, agora está lançando cursos. Para a Pangaia, que veio com uma linha nova inspirada nas tradições dos povos originários brasileiros e para a USA Hemp, que levou para o evento uma experiência em 360° em sua fazenda no Oregon.
“Deu vontade de pegar as flores”, conta o fisioterapeuta Thiago.
A USA Hemp apresentou as novidades em seu catálogo, em seu espaço, todo de LED, também estava a Fundação Redwood, que contou com a presença da ativista Rafaela França, fundadora do NEEM (Núcleo de Estimulação Estrela de Maria) e a Redwood Reserves, que aposta na redução de danos e uma linha completa de flores de CBD e THCA, uma novidade.
Congresso de Cannabis Medicinal
Os dois dias da Medical Cannabis Fair também foram do Congresso Brasileiro de Cannabis Medicinal, que contou com médicos, cientistas, empresários, advogados, juízes, políticos e ativistas.
Um dos grandes destaques foi a presença do juiz de execução penal no Amazonas, Luís Carlos Valois. Valois foi suspenso das redes sociais por determinação do CNJ e, no evento, foi um dos mais procurados. Por onde passou, foi parado.
O cânhamo também foi tema de debate, no painel sobre o Agrobussines, que contou com a presença de Corina Silva e José Rocha, importantes nomes da USA Hemp nos Estados Unidos e que tem iniciado um trabalho no Brasil.
No campo político, Luciano Ducci e Caio França (PSB-SP), Alex Machado Campos, diretor da Anvisa, Claudio Lottenberg, presidente do Conselho do Albert Einstein e José Luiz Gomes de Amaral, assessor da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo discutiram o uso adulto da cannabis e os passos da regulamentação medicinal.
“Se eu pauto o uso recreativo na comissão especial ou no plenário da Câmara, a cannabis medicinal não vai passar nunca”, destacou Luciano Ducci.
Crescimento da indústria
A grande impressão deixada pela Medical Cannabis Fair de 2023 é o crescimento da indústria da cannabis no Brasil. Seja ela medicinal ou do cânhamo industrial, os eventos que acontecem dão mostras de que é um caminho sem volta.
Ainda necessitamos de muitos debates, de uma indústria mais forte e de uma regulamentação que dê segurança para o investidor e, principalmente, para o paciente. Ainda navegamos em mares tumultuados, o que faz com que muitas empresas não sobrevivam um ano.
Mas, o fato de o evento ter conquistado suas ‘independência da Medical Fair’ e demonstrado que, ainda assim, é um sucesso, já é muito a se comemorar. Que venham mais e mais eventos sobre cannabis no Brasil.