Cada vez mais surgem evidências de que a maconha faz parte da vida social há muito tempo. Desta vez, pesquisadores encontraram vestígios da erva em um antigo santuário em Israel. A descoberta é a evidência mais antiga do uso de maconha no antigo Oriente, de acordo com autores de um estudo publicado na revista arqueológica em Tel Aviv.
Leia também:
Mercado – Confira uma lista completa de empresas cannábicas presentes nas principais bolsas de valores americanas
Encontro All-Star: Isiah Thomas, John Salley e Al Harrington querem mudar o jogo da Cannabis
Foram estudados resíduos de dois altares de calcário descobertos em 1963 na entrada de um santuário dedicado a Yahweh, o nome hebraico para Deus usado na Bíblia. O local, construído em aproximadamente 750 aC, e usado por apenas cerca de 35 anos, faz parte de Tel Arad, um monte arqueológico localizado no vale de Beersheba, em Israel, a oeste do Mar Morto.
Os topos dos dois altares continham resíduos que os arqueólogos, no momento da descoberta, atribuíam ao uso ritualístico do incenso. A análise química do resíduo realizada há mais de 50 anos atrás para determinar a fonte do resíduo foi inconclusiva.
Eran Arie, principal autor do estudo percebeu que o resíduo nos altares, que estão em exibição desde 1965, ainda estava intacto quando a exposição foi movida entre 2007 e 2010. Então, verificou-se que o resíduo do menor dos dois altares continha os canabinóides THC, CBD e CBN. Também foram descobertos ácidos graxos e hormônios que os pesquisadores atribuíram a uma fonte de mamíferos e evidências de fezes de animais. O segundo altar continha terpenóides associados ao incenso e mais evidências de gordura animal de origem mamífera.
“Sabemos de todo o
antigo Oriente e de todo o mundo que muitas culturas usavam materiais e
ingredientes alucinógenos para entrar em algum tipo de êxtase religioso, nunca
pensamos em Judá participando dessas práticas cultuais. O fato de termos
encontrado maconha em um local oficial de culto de Judá diz algo novo sobre o
culto a Judá ”, acrescentou Arie em entrevista à rede CNN.
Os pesquisadores acreditam que a resina de cannabis teria sido misturada com
esterco e gordura para obter uma queima lenta que produziria fumaça propícia à
inalação em grupo. Embora o incenso provavelmente tenha sido queimado no altar
maior, Arie acredita que a cannabis foi queimada por seu efeito psicoativo, e
não por seu aroma.
“Se você realmente quisesse apenas o odor ou a fragrância da cannabis, poderia
queimar salvia. Somente quando você está queimando maconha, os [ingredientes
psicoativos] são liberados no ar. Portanto, não é uma questão de cheiro, como
no incenso; é uma questão de êxtase e efeitos alucinógenos da cannabis em
chamas”, complementou.
Os autores do estudo escreveram que não têm certeza de como a maconha chegou a Tel Arad, como não encontraram semente ou vestígios da planta pela região, acreditam que pode ter sido levada como haxixe.