Por Nina Zdinjak

“A verdadeira viagem de descoberta não consiste em buscar novas paisagens, mas em ter novos olhos.” Marcel Proust

Psiquiatra americano com consultório particular em San Francisco e Marin County focado em vícios, Timmen L. Cermak, M.D. aborda algumas das questões sobre o que acontece quando você fica chapado. Em seu livro recente, Marijuana on My Mind: The Science and Mystique of Cannabis, ele olha além do objetivo perceptivo ao examinar experiências subjetivas.

Cermak usa a citação de Micheal Pollan para descrever uma parte da experiência dizendo que “os usuários de maconha sentem diretamente uma mudança profunda na textura de sua experiência”, em seu novo post para a Psychology Today.

Ele explica ainda como esta planta incrível nos ajuda não apenas a relaxar e desacelerar, mas também “intensifica muitas experiências sensoriais”, como som, cor, sabor e movimento físico. No mínimo, aumenta nossa apreciação por essas experiências sensoriais. Mas como?

Cermak explica que a mudança acontece em nível interno. Isso significa que não há mudança na sensibilidade de nossa audição ou outros sentidos, mas sim uma função cerebral alterada que leva a uma experiência mental alterada e reação corporal aos estímulos.

“As pessoas figurativamente ‘vêem’ o mundo com diferentes ‘olhos’”, diz ele, acrescentando que isso é agradável para a maioria das pessoas, mas não para todos.

THC leva à desabituação

Segundo Cermak, uma das mudanças mais significativas na função cerebral causada pelo THC está relacionada à desabituação. Simplesmente, quando vemos ou sentimos, ou cheiramos algo em muitas ocasiões, nos acostumamos e percebemos menos à medida que nos habituamos a isso. É aqui que o THC intervém e reverte o processo de habituação.

“Ele reduz a barra para a área do cérebro (a amígdala) responsável por comparar os estímulos atuais com os do passado recente”, explica Cermak.

Isso nos permite perceber as coisas como se já não estivéssemos acostumados a elas, para trazer “sons e imagens que nos acostumamos a voltar à nossa consciência”.

O psiquiatra ainda compara esse refrescar de nossa percepção do mundo à meditação, que também pode nos ajudar a sentir o cheiro das rosas novamente. Isso é melhor resumido no comentário de Proust, citado por Cermak. O autor francês, amplamente considerado um dos autores mais influentes do século 20, ficou conhecido por ter experimentado muitas drogas ao longo de sua vida.

No final, Cermak destaca a importância dessa perspectiva subjetiva sobre a cannabis, dizendo que é um lado da moeda da cannabis. A outra, que também é necessária para a compreensão, é a perspectiva científica.

“Uma relação saudável com a cannabis requer um equilíbrio entre objetividade e subjetividade”, conclui Cermak.
Matéria originalmente publicada no site Benzinga e adaptada ao Weederia com autorização