Steve DeAngelo é, certamente, um dos principais nomes da cannabis, não somente nos Estados Unidos, mas também no mundo. Ativistas desde os 13 anos, como o próprio diz, é autor, educador, investidor e empresário, ele passou mais de quatro décadas na linha de frente do movimento de reforma da maconha. Por isso, ouvi-lo é sempre bom e necessário, principalmente quando vivemos um ambiente tão proibicionista como o brasileiro. No Brasil, lançou recentemente o livro O Manifesto da Cannabis e, através da editora Vista Chinesa e da plataforma Cannabis Monitor, recebeu jornalistas canábicos para falar sobre a maconha na primeira edição do programa Roda Verde.

No livro, o autor apresenta uma série de ideias sobre a cannabis, dentre elas a de que a maconha atua como um catalisador do bem-estar e explica como a proibição da cannabis deformou nossas instituições: a família, o local de trabalho, o consultório médico e até mesmo as salas de audiências.

“Bem, minha esperança que o lançamento do livro O Manifesto da Cannabis no Brasil possa ajudar a estimular mais conversas e estimular mais debates públicos sobre a questão. Então, eu escrevi o livro com dois propósitos: um era empoderar as pessoas que já acreditam na legalização da cannabis, para que elas conseguissem argumentar da melhor maneira possível, e assim pudessem ajudar a convencer outras pessoas“, contou Steve na entrevista, que é possível conferir na íntegra gratuitamente no site da Cannabis Affair até a próxima semana, após ficará disponível apenas para assinantes da plataforma.

O produto mais valioso do mundo

Com o avanço da regulamentação da maconha ao redor do mundo e, principalmente nos Estados Unidos, a cannabis tem sido estudada cada vez mais, quebrando uma herança deixada pelos tempos áureos da proibição. Com isso, os seus benefícios passam a saltar aos olhos da sociedade. E Steve tem se mostrado um entusiasta sobre como ela pode ser um bem extremamente valioso para a sociedade, principalmente por conta do cânhamo.

Segundo ele conta no bate-papo com os jornalistas, nos próximos 10 anos iremos ver uma explosão no crescimento do cânhamo industrial, uma vez que ele pode substituir, em muitos casos, o algodão, o petróleo e, até mesmo, a madeira. E esta versatilidade fará com que a maconha seja o produto mais valioso do mundo.

“E não só vai ser legal em todo o mundo (a maconha), vai ser, em volume de dólar, a plantação mais valiosa do mundo, o produto mais valioso do planeta. Porque qualquer coisa que fazemos com o petróleo, ou das árvores, ou do algodão, pode ser feita de maconha. E essa é claramente a direção para onde precisamos ir, e é onde estamos indo.“

Steve também vê a cannabis sendo utilizada cada vez mais na indústria medicinal. Para ele, provavelmente 50% de todos os remédios devem ser alterados e passar a utilizar a maconha como base no futuro. Mas, alerta que tudo isso pode ir por água abaixo a depender das políticas públicas adotadas pelos governantes.

Maconha também é bem-estar

Um dos argumentos que Steve utiliza em seu livro O Manifesto da Cannabis é o de que a maconha deveria ser entendida como um produto de wellness (bem-estar), uma vez que os seus benefícios estão atrelados a diversas melhorias na qualidade de vida de uma pessoa, como o humor, criatividade e sexualidade. 

Para ele, não existe maconha recreativa, como parte da indústria e dos governos tentam passar nos dias atuais. Uma vez que, mesmo utilizando para fins recreativos, suas vidas são impactadas com os benefícios da cannabis.

“Eu acho que quando você realmente entende as razões pelas quais as pessoas fumam maconha e os efeitos que a maconha tem, eles são então entendidos como wellness.  Wellness obviamente inclui o uso da cannabis para dor crônica, ou para diminuir tumores de câncer, ou para conter convulsões epilépticas… Mas, há também coisas como aguçar a criatividade, aumentar a paciência, despertar o senso da brincadeira, melhorar a sexualidade, aumentar a abertura para experiências espirituais, ensinar melhores formas de resolver conflitos”, explica o autor.

Lições para o Brasil

Steve desempenhou um papel fundamental na aprovação da Iniciativa 59, a lei de cannabis medicinal de Washington DC; e na aprovação da Proposta 64, a lei de uso de adultos da Califórnia. Vê de perto, há mais de 50 anos, todos os movimentos da indústria e, também, atua fortemente nela.

Experiente, deixou o seu conselho para os brasileiros que lutam pela regulamentação da maconha, e colocou o estado de Nova Iorque como um local a se ficar de olho na regulamentação que estão criando.

“Essas leis precisam ser fortes, resistentes. Nós estamos começando a fazer isso aqui nos EUA. O estado de Nova Iorque é um ótimo exemplo, onde 50% das licenças de cannabis foram reservadas a pessoas que foram desproporcionalmente impactadas pela guerra à maconha, ou seja pessoas negras e latinas, que via de regra são excluídas de oportunidades de negócios neste país, assim como no Brasil.”

Para conferir a entrevista completa de Steve DeAngelo no Roda Verde, basta acessar este link. Lembrando que ela estará disponível gratuitamente até o dia 13 de janeiro na plataforma, após será necessário assinar o serviço de streaming da Cannabis Affair.

Steve DeAngelo lança o livro O Manifesto da Cannabis
Steve DeAngelo lança o livro O Manifesto da Cannabis