O turismo canábico em altitude se posiciona como uma alternativa promissora para diversificar as economias regionais do Noroeste Argentino (NOA) e Cuyo.
Esta tendência crescente não só atrai turistas ávidos por experiências diferentes, como também pode gerar emprego e estimular a atividade econômica em cidades do interior do país.
Um passo preliminar fundamental é adaptar as variedades genéticas da cannabis às diferentes regiões e estabilizar os métodos de cultivo, o que já é possível no âmbito da Lei Nacional 27.350 (sobre a investigação científica da planta cannabis e seus derivados).
Mas quais são os principais desafios enfrentados pelo desenvolvimento do turismo canábico de alta altitude?
Que lições guardam os empreendedores pioneiros do setor? E quais poderiam ser as alternativas viáveis?
Segundo Facundo Posse Kortsarz, da equipe da Inkillay Genetics, empresa que se dedica ao aperfeiçoamento do cultivo de cannabis em Tafí del Valle, Tucumán, os primeiros desafios foram “criar uma marca original” seguindo o exemplo dos vinhos de altitude, acompanhados de um plano de investimento “sólido”.
Cannabis de alta altitude
Cannabis de alta altitude? O que é cannabis de alta altitude?
Basicamente, e seguindo o conceito de vinho de alta altitude, a cannabis de alta altitude seria a cannabis cultivada a mais de 800 metros. acima do nível do mar, em solos montanhosos, aproveitando a amplitude solar e o clima seco, que permite um cultivo livre de agrotóxicos.
“Por que Tafí del Valle? Tafí possui um clima fresco e seco que nos permite trabalhar de forma sustentável, sem grandes custos de energia. As pragas também não são abundantes. Assim, não utilizamos produtos químicos, para ter o produto mais orgânico possível”, explicou Facundo, cientista político da Universidade Santo Tomás de Aquino.
A 2.000 metros acima do nível do mar, Tafí del Valle distingue-se pelo seu clima temperado de montanha, com verões amenos e frescos e solo fértil, composto por material vulcânico, que proporciona um terroir distinto.
A altitude favorece uma amplitude térmica e exposição solar óptimas para o desenvolvimento de culturas de qualidade superior e com vistas panorâmicas, o que o torna atractivo turístico.
“A altitude dá uma expressão regional à cannabis e à nossa empresa, que está focada no cultivo em altitude”, acrescentou o torcedor de San Martín.
Identidade da marca regional
“Acreditamos que somos a primeira empresa a produzir cannabis de alta altitude e isso está diretamente relacionado com a nossa identidade de marca. O lugar em si é lindo e tem um clima ideal. O ar é limpo, a água é pura e não enfrentamos os problemas da cidade”, concluiu Facundo.
Os empresários de Tucumán tomam como referência o modelo turístico de sucesso dos Vales Calchaquíes, em Salta. O modelo Salta promove a preservação da cultura, o turismo sustentável e experiências, como a Rota do Vinho, que oferece degustações, paisagens, gastronomia, cultura e história.
E, de fato, Facundo já pensa numa cadeia produtiva na NOA: turismo, vinho e cannabis, uma indústria nacional para o desenvolvimento regional.
“Imagine combinar o sucesso da rota do vinho com uma rota da cannabis, estando a apenas 100 quilómetros de distância”, continuou Facundo.
Plano de negócios: crescer no mercado interno
Embora o objectivo da Inkillay seja cultivar cannabis de qualidade medicinal para exportação, procuram primeiro confiar no mercado interno, navegar pelas regulamentações, atingir marcos produtivos e implementar uma estratégia de crescimento que lhes permita lidar com o setor farmacêutico.
Por este motivo, o investimento inicial da empresa foi direcionado para boas estufas que lhes permitam controlar as condições de cultivo da cannabis para reduzir imprevistos e garantir um produto de alta qualidade.
“Temos uma unidade de negócios bastante controlada. Duas estufas, uma delas totalmente automatizada. Sua primeira unidade de negócios deve ser controlável. Há pessoas que se propõem a fazer coisas muito grandes e é muito complexo e muito caro também”, disse Facundo e alertou os empresários da área para “diversificarem”.
Que? Basicamente, ao investir levamos em consideração como vamos cobrir os custos operacionais do cultivo de cannabis para pesquisa e desenvolvimento.
E a necessidade de gerar unidades de negócios alternativas e/ou complementares.
Alternativas de diversificação
Existem pelo menos duas ou três alternativas de diversificação para uma marca num lugar privilegiado como Tafí del Valle.
Hotelaria, alimentos e bebidas, cosméticos e suplementos, serviços, são segmentos de marcas fortes com parceiros bem estabelecidos.
Mas o que Facundo e equipe imaginam? É demais sonhar com imóveis ou turismo em torno dessas estufas?
“Temos dois planos de diversificação, um é o turismo e no futuro queremos desenvolver tecnologia própria. Muitas coisas na estufa são feitas sob medida e nosso plano é fazer isso aqui em Tucumán. E ser líder na região, não só na questão do cultivo, mas em todos os insumos necessários para cultivar”, afirmou Facundo.
E encerrou com uma reflexão: “Acho muito importante destacar que a cannabis é uma das poucas coisas para onde a política converge. É um setor que tem que propor políticas e regulamentações. Podemos trazer muitos benefícios para o país.”
Matéria originalmente publicada no site El Planteo e adaptada ao Weederia com autorização
Fotos por Martín Taddei