A última vez que o CFM (Conselho Federal de Medicina) se reuniu para criar uma resolução que abordasse o tema da cannabis medicinal aconteceu há um pouco mais de oito anos, e agora, na última sexta-feira, reuniram-se para votar sobre uma nova norma de orientação aos profissionais acerca da prescrição da erva.
E pasmem-se, que mesmo após oito anos e as evoluções notórias que expandiram a consciência científica dos tratamentos com a cannabis medicinal, o retrocesso do voto pela nova resolução desanimou profissionais e pacientes.
Ainda mais restritiva, a resolução do CFM nº 2.324, autoriza que os produtos derivados da cannabis apenas devam ser usados para tratamento de alguns quadros específicos de epilepsia. Além disso, o texto proíbe a prescrição de qualquer outro canabinóide que não seja o canabidiol (CBD).
Com rumo para o fracasso, a resolução ainda “veda” os médicos a prescreverem medicamentos à base de cannabis medicinal para outras patologias diversas à epilepsia, a não ser que este tratamento esteja diretamente vinculado a uma pesquisa de estudo científico.
É evidente (exceto para o CFM), que já existem diversas patologias sendo tratadas no dia a dia além de epilepsia. Pessoas com ansiedade, dores crônicas, doenças neurodegenerativas, endometriose e uma extensa lista de outras patologias, que têm efeitos terapêuticos incríveis com a administração de medicamentos à base de canabinoides.
Se o caminho para o acesso legal a estes medicamentos já era obscuro para alguns, agora com essa falta de amparo do CFM, ainda mais turvo. A comunidade médica que inicia seus estudos para adquirir conhecimento e maturidade para prescrever cannabis, está ainda mais temerosa! Sabemos que ainda são poucos os cursos de prescrição e para os novos profissionais terão que ter muito mais bravura do qualquer outra coisa.
Honestamente, a luta não vai mudar. É claro que terá uma debandada de médicos prescritores que ficarão com medo de uma futura retaliação do CFM em virtude das prescrições. Mas, creio que a comunidade médica que milita pelo tratamento manterá sua bandeira em pé e os pacientes