Por Hernán Panessi 

Rotinas e dietas. Músculos que suam, fios de fumaça que voam. Cada vez mais atletas e atletas de alto rendimento estão decidindo incluir a maconha em seu cardápio e, falam a favor de seus benefícios.

Mas e nós, cidadãos comuns, meros mortais, aqueles de nós que não esculpem músculos na academia, mas sim queimam algumas calorias e mantêm algum tipo de equilíbrio entre culpa e compromisso.

O que há com aqueles que, além de não serem atletas ou atletas de alto rendimento, fumam maconha, mas também batem forte na academia.

Que fazemos? O que precisamos saber sobre a relação entre o baseado e a atividade física?

Maconha e exercício

“Nos últimos anos, cada vez mais se fala na possibilidade de combinar o uso da maconha com rotinas de exercícios físicos com resultados benéficos para o usuário de maconha”, afirma Virgínia Ferreira, médica clínica da Conectar Med.

E continua: “É um assunto que, sem dúvida, pode gerar polêmica porque existe um imaginário condicionado pelo proibicionismo, que é o protótipo do usuário de maconha, como pessoa extremamente sedentária, colada na cadeira. Essas ideias ou números estão ficando para trás com a regulamentação da cannabis em nível internacional”.

Dados atuais

Embora não haja muitas evidências científicas sobre a relação estrita entre academia e maconha, existe uma bibliografia datada de 2020 que fala especificamente sobre o uso de maconha e o desempenho esportivo.

Ferreira explica: “Existe uma revisão feita entre pessoas entre 17 e 60 anos que procurou determinar se o uso adulto de maconha tinha alguma implicação no desempenho esportivo. E nenhuma relação foi encontrada entre o que é, por exemplo, o aumento da massa muscular ou os parâmetros de força. Não foram encontradas diferenças significativas entre usuários e não usuários de maconha, com relação ao pico de treinamento e volume máximo de oxigênio”.

O mesmo estudo também avaliou aspectos cardiorrespiratórios, nos quais não foram encontradas diferenças significativas. E mais uma: também não foram encontradas diferenças em termos de força.

“O interessante é que os usuários relataram menos tempo com dor e maior prazer na atividade física. Parece interessante porque tem um efeito indireto, melhorando o desempenho e a adesão às rotinas. Principalmente no campo competitivo, onde os tempos de recuperação e também o controle da ansiedade, descanso e apetite, que são questões fundamentais que impactam o desempenho esportivo.

Em resumo, os dados atuais sugerem uma relação benéfica, principalmente nos tempos de recuperação e mudanças subjetivas na experiência da atividade física.

A importância do equilíbrio

“Me parece importante falar sobre precaução quanto à dose e aos horários pré e pós treino”, alerta o médico clínico. O que você recomenda? Microdoses e quimiotipos que podem ser balanceados.

“Uso responsável, informado e aconselhado”.

Entretanto, é importante mencionar que, como acontece com qualquer substância, o efeito da cannabis no pré ou pós-treino dependerá de muitos fatores, mas principalmente é muito importante destacar a dose, o momento e o tipo de flor que se decide usar .

“Fumar meio baseado de uma flor rica em THC quinze minutos antes de ir malhar não é o mesmo que, por exemplo, fumar duas tragadas secas ou duas tragadas de um quimiotipo balanceado, que pode ter THC e CBD em doses proporcionais, uma hora antes de realizar a atividade física”, esclarece o médico.

O sistema endocanabinoide

Existem, caso a caso, quimiotipos recomendados? Sim, Ferreira menciona aqueles equilibrados entre THC e CBD, os do “tipo dois”. Porque? “Porque eles potencializam sua ação com esse efeito modulador que os fitocanabinoides exercem uns sobre os outros.”

Alguma sugestão com terpenos? “Poderia citar uma flor que pode ter mirceno e linalol, aliados na recuperação e relaxamento muscular.”

No que diz respeito à relação do sistema endocanabinóide e atividade física, o THC atua ao nível de diferentes receptores, que se distribuem em diferentes partes do corpo.

O CBD, por sua vez, liga-se aos receptores endocanabinóides e produz efeitos anti-inflamatórios.

“Melhorará a inflamação produzida pelo treino ao nível das células musculares. E isso, somado ao seu efeito ansiolítico e ao impacto que o CBD tem na qualidade do sono, tem um papel importante no tempo de recuperação de lesões.”

Da mesma forma, o THC se liga aos receptores CB1, que estão presentes no coração, pulmões, músculos e também no sistema nervoso central.

“Ali eles conseguem regular diversas esferas que podem impactar na atividade física como dor, humor, apetite e sono”, diz Ferreira.

E conclui: “Penso que no futuro será necessário fazer novos estudos para termos, digamos, mais e melhor evidência de qualidade”.

Matéria originalmente publicada no site El Planteo e adaptada ao Weederia com autorização