Por Lucía Tedesco

A Colômbia contempla uma abordagem baseada na prevenção e abstinência de drogas psicotrópicas. Embora sejam indicadores importantes que o governo tem levado em consideração, há detalhes que estariam fora de seu controle, como a saúde das pessoas que usam substâncias.

No país não há dados oficiais sobre quantas pessoas morrem de overdose, uma estatística que é preciso conhecer para promover estratégias que avancem nesse problema. Felizmente, da corporação Acción Técnica Social (ATS), eles acreditam saber como lidar com isso, e a resposta é promover o #ConsumirConMenosDaño, um projeto de lei que: “busca desenvolver um marco regulatório para a implementação da redução de riscos e danos políticas de consumo de substâncias psicoativas”.

Canadá, Portugal, Inglaterra e Suíça são pioneiros nesse tipo de política e já demonstraram sua eficácia no atendimento às necessidades dos usuários. Aplicar a redução de danos por consumo na Colômbia significaria um avanço na saúde pública. Seria um grande passo na modernização da política de drogas, no sentido de regular o mercado e educar para consumir com responsabilidade.

El Planteo conversou com “Échele Cabeza”, um projeto que nasce da Ação Técnica Social sobre as complicações que surgem na implementação dessas políticas, devido à tendência proibicionista. “Na América Latina existem algumas pessoas que infelizmente o fazem ilegalmente, em alguns países como Argentina, México, Uruguai ou Chile. Na Colômbia tivemos a sorte de ser pioneiros e ter apoio institucional com esta medida”, explicou a Lola Sasturain a socióloga Vanessa Morris, coordenadora do projeto.

Colômbia: Como implementar a política de riscos e danos?

A corporação ATS dá alguns exemplos de como avançar nesse sentido. Ao contrário do modelo clássico de política do consumidor, baseado na prevenção, criminalização e abstinência, propõe-se a disponibilização de agulhas hipodérmicas para pessoas que injetam drogas, campanhas de consumo responsável de álcool, vaping e dispositivos de aquecimento do tabaco, terapias de substituição com metadona e serviços de testes de substâncias.

A análise química instantânea de substâncias é utilizada para verificar sua composição, para poder saber o que contém, para conhecer os riscos e efeitos. “Isso serve para evitar identificações, overdoses e bad trips. Contribui não só para as pessoas, mas para os próprios eventos, pois permite prevenir situações de risco e cuidar das pessoas que frequentam”, disse Morris.

É importante observar que a redução de danos não busca ir além da prevenção, nem do tratamento para superar o consumo. O que se deseja é que seja um complemento para proporcionar mais oportunidades de abordagem, bem como o uso terapêutico e medicinal de medicamentos.

O que dizem os estudos sobre o uso de drogas na Colômbia?

“Álcool, maconha e cocaína sempre são classificados”, disse o coordenador. No entanto, são as universidades que vão mais longe e revelam aumentos no consumo de LSD e ecstasy.

Outra conclusão a que chegaram especialistas da área é que os riscos independem da legalidade ou não da droga: “Não adianta usar uma substância cujos benefícios são comprovados clinicamente se você também abusa”, comentou o entrevistado, que junto com com Échele Cabeza concordam que é impossível erradicar o consumo. Portanto, mais recursos devem ser alocados para pesquisa, educação e conscientização.

Além disso, Morris confirmou que realizar uma política de redução de danos na América Latina é um verdadeiro desafio, porque os países foram atingidos pelas consequências de medidas repressivas. “A Colômbia foi totalmente vítima do fracasso desta guerra, e é muito difícil montar uma estratégia deste tipo quando o governo nacional e os políticos corruptos de sempre estão a favor do ‘acabar com as drogas’ e não em dar uma resposta a este problema. Mas temos feito isso e, ultimamente, estamos promovendo a convivência em paz com as drogas”, concluiu.

Matéria originalmente publicada no site El Planteo e adaptada ao Weederia com autorização