Por Hernán Panessi

No marco das próximas eleições presidenciais argentinas, a candidata do Nuevo MAS, Manuela Castañeira, referiu-se à legalização da cannabis recreativa e afirmou que a “promoveria”.

A partir de um olhar “anticapitalista”, que costuma levar a longas conversas e fóruns nas redes sociais, Castañeira costuma entrar em terrenos acidentados como os valores do salário mínimo e o futuro da dívida que a Argentina mantém com o Fundo Monetário Internacional.

E agora, também, em conversa exclusiva com o El Planteo, Castañeira é incentivada a dar definições sobre a cannabis. “É uma planta, pare de brincar”, ele rapidamente ataca.

Por que Manuela Castañeira quer legalizar a maconha?

“Os jovens de hoje podem beber álcool e fumar cigarros, mas não fumar um baseado. Repudiamos a criminalização da juventude, sofrida principalmente pelos jovens dos setores populares”, afirma Castañeira.

Desde o espaço político trotskista Nuevo MAS sustentam que “cada geração deve ser livre para fazer suas próprias experiências e sem querer nenhum tipo de alienação, confiamos que podem tentar e estabelecer seus próprios limites”.

Manuela Castañeira assume que “a legalização é uma medida para travar o tráfico de droga, que assenta na ilegalidade da produção e consumo e agrega todo o tipo de substâncias tóxicas e perigosas para a saúde”.

Por isso, considera conveniente que estas iniciativas sejam acompanhadas de políticas de promoção da saúde pública, informação e contenção.

O termômetro da esquerda argentina

Nestes dias, a Convenção Nacional do Nuevo MAS votou um programa de “7 medidas anticapitalistas de emergência diante da crise”.

O mais falado nas redes sociais e na mídia? Sua proposta central, que se aninha na fixação de um salário mínimo de 500 mil mensais indexados à inflação.

“Essa medida produziria uma melhora imediata e generalizada na renda dos trabalhadores e tiraria milhões da pobreza em um país onde hoje a taxa de pobreza está em torno de 40%. Mas também é uma medida de soberania porque obrigaria os grandes empresários a investir um percentual maior de seus lucros no pagamento de salários ao invés de vazar dólares para o exterior e continuar causando a falta de divisas que o país sofre”, explica o candidato.

Da mesma forma, ele aproveita para criticar as propostas da Frente de Todos e Juntos por el Cambio, duas das frentes políticas mais importantes da Argentina, e se entusiasma ao destacar as “enormes possibilidades da esquerda” diante da Revolução de Outubro eleições.

No entanto, ele encontra um “mas” na configuração da esquerda nacional e impulsiona a discussão para conseguir uma votação interna para definir seus melhores candidatos: “Para dar volume a essa alternativa diante do crescimento de discursos de ultradireita, estão propondo um PASSO de toda a esquerda”.

Cannabis: desafios e olhares para o futuro

Voltando ao ecossistema canábico nacional, Manuela Castañeira destaca o papel do REPROCANN, o programa nacional que visa melhorar o acesso à canábis sob prescrição médica: “Foi uma conquista na luta de muitos setores que reivindicavam o acesso à cannabis medicinal de forma imperiosa , como Mama Cultiva. Por isso consideramos que é progressista diante do proibicionismo protegido por concepções obscurantistas e anticientíficas”.

No entanto, considera que não é suficiente porque “não resolve o problema da perseguição e criminalização da juventude, que atinge sobretudo os setores populares”.

—Você é paciente, fumante ou usuário de maconha?

Eu não sou uma consumidora, atualmente.

—Em que outros aspectos legislativos você acha que pode ser feito em relação à cannabis?

-É fundamental que seja descriminalizado. Não pode ser que a juventude continue a ser criminalizada. É necessário continuar desenvolvendo a legislação para a pesquisa e desenvolvimento da cannabis medicinal, mas, acima de tudo, deve-se avançar nas dotações orçamentárias para que a pesquisa possa ser realizada.


Matéria originalmente publicada no site El Planteo e adaptada ao Weederia com autorização