Por Javier Hasse 

A indústria de cannabis medicinal na Colômbia está passando por um momento tempestuoso. Das 1.300 empresas licenciadas no país, 400 fecharam suas operações este ano devido a múltiplos obstáculos regulatórios e burocráticos, colocando o setor em estado crítico, segundo reportagem do La República.

Miguel Samper, presidente da Asocolcanna, defendeu que a obtenção de licenças, alvarás e registros fitossanitários se tornou um processo extremamente complexo e excessivamente burocrático. “Isso fez com que as empresas se retirassem ou falissem, além de prejudicar os consumidores, em vez de facilitar o acesso e a produção de produtos relacionados à cannabis”, explicou Samper.

Além disso, dos 57.000 hectares autorizados para o cultivo de cannabis, apenas 26 estão em uso, representando míseros 0,04% do total. Apesar da demanda de pacientes, apenas cerca de 25.000 estão registrados para acessar medicamentos à base de cannabis.

Erros administrativos também impediram o progresso do setor, dizem várias fontes. Juan Diego Álvarez, CEO da Clínica Zerenia, lembrou como, “em junho do ano passado, por um erro administrativo, o Ministério da Saúde excluiu a cannabis do plano de benefícios de saúde, mas foi reintegrado posteriormente em dezembro. Essas oscilações regulatórias têm gerado incertezas e dificuldades no acesso dos pacientes, além da diminuição das vendas”.

Apesar da crise, permanecem grandes expectativas para o futuro do setor. O mercado global de cannabis medicinal está projetado em US$ 80 bilhões até 2025 e mais de 40.000 empregos serão gerados na Colômbia até 2030.

Limitações na venda e exportação de produtos influenciaram esses números, mas Juan Manuel Téllez, CEO da Green Lab, destacou que “a regulamentação do uso adulto de cannabis oferece oportunidades de vendas no mercado nacional e promove produtos de qualidade e segurança para os consumidores”.

Para enfrentar esses desafios, algumas empresas passaram a diversificar seus negócios. Téllez explicou: “Construímos marcas de produtos acabados e marcas de marketing de matéria-prima. Temos um projeto NFT e uma linha educacional. Isto permitiu-nos diversificar e obter rendimentos de vários ramos de negócio que nos permitiu construir um projeto bastante robusto e ano após ano, felizmente, temos conseguido aumentar as vendas”.

A indústria de cannabis medicinal na Colômbia, embora em uma situação crítica, continua lutando e permanece otimista para o futuro.

Assim é a Indústria da Cannabis Medicinal na Colômbia e no Mundo

Mercado global

Projeção do mercado global para 2025: US$ 80 bilhões

Exportações da Colômbia (USD em milhões)

2020: 4,8

2021: 9.6

2022: 5.2

Dados Chave da Colômbia

Mais de 25.000 pacientes recorrentes sem registro

Segundo a Analdex, os dados não refletem as projeções das empresas exportadoras

oferta de produtos

Tipos de produtos: sementes, extratos brutos, destilados e isolados, medicamentos, cosméticos

1.300 empresas licenciadas

400 empresas fecharam operações

57.000 hectares licenciados para plantio, mas apenas 26 hectares estão sendo cultivados na Colômbia (menos de 0,04%)

Investimentos: USD 600 a USD 650 milhões

Indústria Nacional

Valor da indústria de cannabis medicinal no país: US$ 292 milhões

Recursos destinados a nove projetos

Projeções para 2030: vai gerar mais de 40 mil empregos no país

Comparação Internacional

No Canadá, a indústria gerou:

USD 43,5 bilhões em atividade econômica

US$ 15,1 bilhões em receita tributária

Desde 2018, gerou mais de 151.000 empregos desde a regulamentação

Fonte: ProColombia/Asocolcanna/Gráfico: LR-LM


Matéria originalmente publicada no site El Planteo e adaptada ao Weederia com autorização