Corajosa, vanguardista e exemplar. Talvez estes sejam alguns dos adjetivos que possam caracterizar a médica Janaína Barboza. Mas, eles são insuficientes. Janaína é uma médica ortomolecular, de família de médicos e sempre quis ser médica. É também esposa, mãe da Joana, brasileira e uma das grandes conhecedoras da terapia canabinoide.
Na coluna desta semana eu gostaria de apresentar uma das pessoas que me inspiram na prática médica, que realiza um trabalho espetacular e que jamais demonstrou medo na luta pelos seus ideais e pelo próximo.
Nascida em Santos, mas criada em Florianópolis, Janaína cursou medicina na Faculdade Evangélica do Paraná, em Curitiba. Mas, apesar de estudar aquilo que sempre sonhou, sentia que não se enquadrava nos métodos propostos na faculdade.
“Escolhi ser médica, praticamente, desde que eu nasci, fiz medicina de uma forma difícil e tive problemas na faculdade. Mas, hoje eu entendo o porquê de todas as questões com os professores. Era porque o campo estava sendo preparado para o que viria”, nos conta Janaína.
Insatisfeita, foi em busca de novas respostas assim que saiu da faculdade. Nunca se conformou com aquilo que recebia e sua insistência em buscar novos conhecimentos a levou ao mundo da terapia canabinoide.
“Eis que estava seguindo o flow da vida até que um dia eu conheci a Dra. Carolina Nocetti, que é uma mulher incrível, e ela me falou que existia o Sistema Endocanabinoide, eu chorei e falei ‘jura? Como assim não falam isso na pós, não falam isso no curso médico’, relembra Janaína.
A terapia canabinoide abriu um novo mundo para a médica e a colocou diante de grandes desafios também. Como no dia em que soube se posicionar firmemente no Conselho Federal de Medicina, em Brasília, favorável à utilização da cannabis como forma medicinal.
Veja o depoimento abaixo:
Ela já perdeu a conta de whatsapp, sem nenhuma explicação da própria operadora e do whatsapp, e do Twitter, por falar abertamente sobre a terapia canabinoide e combater com veemência as fake news sobre a cannabis para fins medicinais. E, nem mesmo isso a parou. Pelo contrário, encoraja a todos a não se calar diante de mentiras.
Conheça um pouco mais da Dra. Janaína Barboza.
Um novo mundo
A vida é louca, ela ensina, por vezes, de modo não muito ortodoxo ou esperado. Eu sempre tive uma insatisfação muito grande com a questão de prescrever remédios para o resto da vida. E remédios que, de fato, não melhoram a qualidade de vida do paciente e possuem efeitos colaterais importantes, isso me incomodava bastante e eu queria fazer outra coisa com o meu diploma de médica, se possível.
Até sair da faculdade, a história era não, não é possível fazer outra coisa. Só que eu fui para o Rio de Janeiro estudar medicina estética e na pós-graduação eu conheci a prática ortomolecular. Então, eu comecei a minha segunda pós-graduação em prática ortomolecular, bioquímica médica. É justamente estudar novamente fisiologia e bioquímica, que são as cadeiras iniciais do curso médico, com uma outra visão, a visão da prática, onde você vai colocar aquele conhecimento dentro da sua visão de prescrição, que era uma coisa que ninguém tinha me falado que existia.
Já em 2009 eu comecei a prescrever elementares da natureza como plantas, minerais, aminoácidos, antioxidantes e vitaminas de acordo com a necessidade de cada pessoa. Eis que estava seguindo o flow da vida até que um dia eu conheci a Dra. Carolina Nocetti, que é uma mulher incrível, e a gente se conheceu por obra do destino. E ela me falou que existia o Sistema Endocanabinoide, eu chorei e falei ‘jura? Como assim não falam isso na pós, não falam isso no curso médico?’.
Ali eu comecei a estudar a matéria canábica e tudo se uniu com aquilo que eu já praticava como médica, pois a cannabis é uma planta. Eu já prescrevia planta, eu já tinha esta noção. E isso me ajudou muito a chegar na prática canábica, que é essa prescrição da cannabis. Eu, particularmente, só prescrevo os extratos botânicos da planta, eu não prescrevo moléculas sintéticas. Mas, é uma coisa minha que vem de antes da cannabis.
A primeira coisa (quando conheceu o Sistema Endocanabinoide) foi chorar, chorar de verdade. A segunda foi estudar muito.
Então eu percebi que era muito parecido com aquilo que eu já estudava. Quando eu descobri que tinha receptor de cannabis em todas as células do corpo, foi onde eu fiquei doida. Porque eu sou clínica médica, eu trato de todas as células do corpo, já é normal na minha rotina.
Então eu falei: ‘Meu Deus, então a cannabis é medicação para, praticamente, todas as condições clínicas que eu abordo? É’. Aí, o negócio ficou doido. É algo muito legal.
Mas, também, este meu primeiro encontro me causou muita indignação. ‘Como é que as pessoas não sabem disso?’. ‘Como não está sendo divulgado’. Você não vai mais tomar corticoide, não vai mais tomar remédio para bronquite, não vai mais tomar antidepressivo, ansiolítico. Todos os remédios praticamente deixam de existir quando você passa a conhecer a terapia canabinoide. Isso mexe no bolso da primeira economia do mundo. Então, é meio difícil.
Eu fui atrás dos fundamentos. Eu estava estudando agricultura antes da medicina canabinoide, quando a cannabis chegou pra mim eu já tinha conhecimento de agricultura. Mas, porque eu fui estudar agricultura se eu sou médica? Porque eu percebi que as pessoas estavam adoecendo por conta do alimento. Mas, porque se ninguém explica?
A natureza não é patenteável. E isso é o ponto principal nesta corrida contra a cannabis, porque a planta não é patenteável. Aí, o que eles ficam falando? ‘Que só uma parte é boa’. Eu costumo falar na minha aula, então você está dizendo que Deus errou. Porque não existe uma planta só de canabidiol? Não existe, se não existe é porque não era para ser.
O poder das mulheres numa terapia feminina
De onde vem o extrato? Da inflorescência feminina. A terapia canabinoide é muito mãe, é muito feminina, é muito generosa. Como são, geralmente, as mulheres, as mães.
E, esta força das mães que fez mover a pedra que não se movia por nenhuma força, que foi o que fez com a gente importasse as primeiras medicações. Não foi por ação de médicos, de marcha da maconha, de algum laboratório interessado em produzir. Mas, das mães, que se uniram e foram lá.
Se não fosse esta energia amorosa feminina, não teria acontecido. A gente ia estar no mesmo lugar que estava. Devia ter mais mulher na política, porque quando ela se enfurece, não sobra para ninguém. Porque nós somos diferentes da natureza masculina, estou falando da natureza, não de gênero e de sexo.
A luta contra a desinformação
Em 2019 eu recebi um convite, porque ele foi colocado no e-mail dos médicos do CFM, dizendo que era o convite para o primeiro fórum sobre a maconha do CFM. Comprei a passagem e fui para Brasília. Eu queria me sentir acolhida na minha casa, conversar com meus colegas. Eu pensei que, obviamente, teríamos médicos mais experientes para conversar e que este objetivo do encontro era para elaborar a matéria canábica no país e começar a ajudar aqueles que estavam iniciando para poder todo mundo prescrever.
Foi o contrário de tudo isso. Eu cheguei lá e tinha políticos instalados dentro da casa médica, tinha religiosos. Mas, não tinha médicos, mesmo que tenham cursado medicina. Pois, você pode ser portador do CRM, mas ser médico é outra coisa. E, ali, naquela bancada, não tinha nenhum médico.
Aí começou o discurso e eu senti náuseas, comecei a suar. Foi aí que eu me posicionei. O discurso está no Instagram, é para todo mundo ver mesmo (ele está postado no começo da coluna). Quando a gente sabe que não é verdade, a gente tem de se posicionar. A humanidade chegou neste bolo em que estamos vivendo, porque os bons se calaram. Justamente porque se mente descaradamente e ninguém bom tem coragem de dizer: ‘você está mentindo’. Quem fala isso para um ministro? Eu falei. E aí perdi o meu whatsapp.
Imagina o número de uma médica sumir. Imagina o número de tua médica prescritora sumir. A pessoa que você fala, sumiu. Nem a operadora conseguiu explicar, nem o whatsapp conseguiu explicar. Era o meu número há 13 anos. Eu tive de pegar um número novo e avisei as pessoas que tinham de avisar.
Mas, isso não é uma exclusividade do Brasil. Não é uma exclusividade da questão canábica. A gente vive num mundo que persegue as pessoas que se posicionam contra a maré. Pensar é quase proibido, principalmente neste país que fala que o estado é laico mas, tem uma cruz pregada em órgãos públicos. Então, o que a gente precisa é sanear, é limpar, é colocar cada um no seu lugar. O cara da cruz vai na igreja, o cara do antidrogas vai para o local dele. Porque a cannabis não tem nada que ver com o antidrogas, eu estou falando de fisiologia médica, de bioquímica. A cannabis é uma questão botânica, e Deus não erra. Foi ele quem criou.
Menos remédios, mais terapia canabinoide
Estamos evoluindo a passos lentos. Não vou falar que é a velocidade que eu gostaria, pois estamos coberto com o manto quase impenetrável da corrupção e da indústria farmacêutica aqui no Brasil. Isso é bem difícil. E, eu gostaria muito que o nosso futuro fosse mais generoso, que ele permitisse o acesso de todo mundo que precisa. E, não somente de quem tem dinheiro.
Que todo mundo que precise se tratar, consiga isso. De uma forma barata, segura, que a gente tome menos remédio e que possamos compreender que a cannabis é, talvez, o sistema químico mais importante do corpo humano. Os estudos são poucos, recentes, é difícil concluir, mas a gente está falando de uma coisa muito potente.
Eu gostaria que, no futuro, a gente tomasse menos remédios controlados, e que com certeza a medicina canabinoide tem muito a colaborar com isso tudo.
Generosa
A Dra. Janaína Barboza sempre foi muito generosa comigo. Mesmo sem me conhecer, abriu as portas da terapia canabinoide pra mim. Através de você, Janaína, tive o meu primeiro contato com o Sistema Endocanabinoide. Suas aulas, compartilhadas gratuitamente após eu te enviar um e-mail, também abriram a minha mente. Obrigado por toda sua trajetória, generosidade e por estar sempre disposta a compartilhar conhecimento com o próximo.
Conheça a Dra. Amanda Medeiros
Dra. Amanda Medeiros Dias (Crm 39.234 PR) é médica com pós-graduação em pediatria e nutrologia pediátrica e, atualmente, está cursando Psiquiatria Infantil pelo CBI Miami. Possui Certificação Internacional Green Flower de Medicina Endocanabinoide.
Com experiência na prática clínica com crianças e adultos, visão integrativa olhando o paciente como um todo, possui experiência prática mesclando medicina com aromaterapia e cromoterapia, com foco na visão holística.
Além de prescritora, é paciente de cannabis medicinal desde 2018. Também é diretora técnica no Instituto Coração Valente e médica voluntária em projetos da UNA (Unidos pela Amazônia).
Para entrar em contato com a Dra. Amanda Medeiros:
E-mail: contato@institutocoracaovalente.com.br
Telefone – (41) – 99725-1582
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