Como vemos diariamente em matérias publicadas no Weederia e em outros portais, o mundo caminha para a regulamentação do uso medicinal da cannabis. A ciência avança em estudos, países avançam na regulação e as pessoas veem cada vez mais os seus benefícios no dia a dia.
Mas, uma cartilha lançada pelo Governo Federal – Os riscos do uso da Maconha e de sua legalização – resolveu ir contra ao que a ciência aponta, ao que nós, médicos prescritores, vemos diariamente em nossos consultórios e ao que vocês, mães e familiares, observam dia a dia.
“No que diz respeito ao uso da maconha dita “medicinal”, é importante salientar que o uso terapêutico dos componentes da maconha ainda é extremamente restrito, contando com pouquíssimas evidências científicas”, destaca a cartilha.
Bom, semanalmente trago temas nos quais a cannabis pode ajudar em tratamentos. Em todos eles apresento estudos que ratificam o potencial terapêutico da cannabis. Existem milhares de artigos científicos sobre o seu poder terapêutico e, por pura ironia do destino, uma análise bibliométrica de artigos científicos publicados entre 1940 e 2019, e considerados de relevância científica pelas principais bases de dados, coloca a Universidade de São Paulo (USP) em primeiro lugar como a instituição que mais publica artigos sobre o canabidiol (CBD) no mundo.
Mas, mais do que apenas o hoje, a utilização medicinal da cannabis é milenar. Está nos mais antigos livros de medicina, na sabedoria dos mais antigos povos e, graças à proibição movida por motivos ideológicos, financeiros e preconceituosos, ela ganhou o status que possui hoje.
O guia elaborado pela Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (Senapred) em parceria com os ministérios da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, da Saúde, da Infraestrutura, e da Justiça e Segurança Pública assusta quem não conhece a cannabis e seu potencial.
“Na área científica, excetuando-se o uso bastante restrito da substância canabidiol (CBD), ainda não há estudos consistentes que comprovem a eficácia e a segurança de outros produtos derivados da maconha para uso clínico”, aponta a cartilha.
Mais um erro. Falamos aqui sobre o efeito comitiva, sobre o potencial do THC em tratamentos para a dor, sobre o CBN, sobre o CBG, sobre o Delta-8-THC, somente para citar alguns dos mais de 100 canabinoides presentes na cannabis. E, sempre amparado com estudos.
Atualmente, centenas de milhares de pessoas no país fazem uso da cannabis em seus tratamentos. Ignorar o seu poder medicinal é fechar os olhos para a população e para o dever constitucional do Estado, que é o direito à saúde. Imagine falar para uma mãe, que viu o seu filho sair do hospital desenganado pelos médicos e graças ao óleo de cannabis ganhou nova vida, que a cannabis não é remédio. Que é remédio apenas o medicamento que causa inúmeros efeitos colaterais.
Claro, a cannabis não é uma panaceia que resolve todo e qualquer problema, que bastou utilizá-la que você ficará curado. Ela não é para todos e, também, não é para todas as condições. Mas, ignorar o Sistema Endocanabinoide e sua função em nosso corpo, é ignorar a ciência, os estudos e a prática médica.
“No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, em 2020, por meio de duas resoluções (Anvisa, 2019; 2020), a regulamentação para fins de fabricação, importação (por pessoa física e jurídica), comercialização, prescrição, dispensação, monitoramento e fiscalização de produtos derivados de maconha, devendo-se observar as restrições do CFM para sua prescrição, como descrito acima. Assim, não se faz necessária uma legislação que permita uso “terapêutico” de derivados de maconha”, complementa a cartilha.
Eu não sou advogada. Sou médica, prescritora, vivo no dia a dia as dores de meus pacientes. Vivo a dificuldade de acesso que muitos possuem. Graças às associações e ações de algumas empresas, temos tido uma democratização ao acesso dos produtos feitos à base de cannabis. Mas, estamos longe do ideal.
Por isso, faz-se sim necessária uma legislação que regulamente a cannabis no país. Se países como Israel e Canadá avançaram muito nesta questão, porque nós, brasileiros, não podemos avançar? Mais de 50 países mundo afora já regularam o uso medicinal da planta beneficiando milhares de pacientes. A regulação também gera empregos, move a economia e, consequentemente, ajuda o país.
Precisamos de ainda mais estudos do que estamos fazendo, mais robustos e, de ainda mais investimento, de um acesso democrático aos produtos feitos à base de cannabis e, sobretudo, de respeito ao cidadão brasileiro.
As associações brasileiras enviaram uma nota repudiando a cartilha e criaram um abaixo-assinado para pressionar o Governo Federal. Eu, continuarei aqui, semanalmente, trazendo casos, relatos e apresentando que a cannabis é medicinal, sim!
Conheça a Dra. Amanda Medeiros
Dra. Amanda Medeiros Dias (Crm 39.234 PR) é médica com pós-graduação em pediatria e nutrologia pediátrica e, atualmente, está cursando Psiquiatria Infantil pelo CBI Miami. Possui Certificação Internacional Green Flower de Medicina Endocanabinoide.
Com experiência na prática clínica com crianças e adultos, visão integrativa olhando o paciente como um todo, possui experiência prática mesclando medicina com aromaterapia e cromoterapia, com foco na visão holística.
Além de prescritora, é paciente de cannabis medicinal desde 2018. Também é diretora técnica no Instituto Coração Valente e médica voluntária em projetos da UNA (Unidos pela Amazônia).
Para entrar em contato com a Dra. Amanda Medeiros:
E-mail: contato@institutocoracaovalente.com.br
Telefone – (41) – 99725-1582
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