Por Hernán Panessi

Se o formato “roast”, muito comum entre comediantes e youtubers norte-americanos, se baseia num certo espírito de “ódio” ou “olhar sem dó”, o “antiroast”, este novo formato do El Planteo, pretende colocar o centro das atenções a cena para alguns dos personagens mais famosos da cosmogonia da cannabis.

Ninguém é “assado” aqui. Pelo contrário, aqui eles são “exaltados”.

Por isso, neste primeiro episódio do Antiroast, pedimos a várias amigas de Polita Pepper que nos dessem sua opinião sobre a ativista, professora, jurada da cannabis cup, produtora audiovisual, feminista versátil e viajante incansável.

Quem é Polita Pepper?

A mexicana Genlizzie Garibay (conhecida no mundo da cannabis como Polita Pepper) é um dos maiores, mais exclusivos e dinâmicos nomes da América do Norte.

Após uma longa carreira acadêmica, Polita Pepper dedicou sua vida à extensão de direitos, autocultivo, cultivo comunitário e ao desenvolvimento de cooperativas e produção nacional de cannabis.

E a partir do Cannativa, projeto educativo que desenvolve em conjunto com vários colegas, promove trabalhos de investigação e promoção da cultura de uso de plantas medicinais.

“Educação é transformação social, uma loucura”, diz.

Polita é, de fato, uma das pessoas mais queridas do mundo da cannabis em todo o mundo de língua espanhola.

Como exemplo, estes depoimentos:

Mariano Duque Velasco (Espanha), ativista, rapper, criador e gerente da BSF Seeds: “É ela quem cuida primeiro de você”

Polita é minha irmã. Uma anedota que sempre destaco é como nos conhecemos, em 2013 ou 2014. Foi em Xoximilco, no México, depois da Expo tem um evento em que fui dar uma palestra. Então nós estávamos festejando a noite toda. A certa altura, fiquei sozinho, rodeado de “pessoas muito boas”. Eram horas descontroladas.

E de repente eles me colocaram dentro de uma van. Eu pensei que eles estavam me sequestrando e… uau! Levaram-me a uma casa: era Polita. Ali começou uma irmandade para toda a vida.

Ela cuidou de mim, me tratou muito bem. Ela me salvou. Não sei como pude passar. Desde então, temos nos encontrado em todo o mundo.

O que deve ser destacado é o quanto ela é guerreira, o conhecimento que tem sobre leis, direito do consumidor e mulher. É algo incrível, que deve ser sempre destacado.

Onde você estiver, ela é quem primeiro cuida de você, para que você fique bem, para que você se sinta confortável, seja no país dela ou não. É incrível poder compartilhar com ela e ver tudo o que ela conquistou. Além disso, ela é uma grande antropóloga, que sabe muito sobre o seu trabalho, sobre os povos nativos.

Muy Paola (Chile), ativista, influenciadora e diretora da Santiago Verde: “Ela tem toda a minha confiança e admiração”

Somos muito amigas. É uma mina muito legal. Sinto que a conheço demais, intimamente. Nunca nos conhecemos pessoalmente. Ficamos amigas durante a pandemia, para montar uma campanha feminista de maconha, e aí descobri que eu era esperta demais, espaçosa demais.

Nunca a vi, mas já conversamos horas e horas e horas pela internet, por videochamada. Eu sinto que a conheço. Ela tem toda a minha confiança e, também, me sinto muito grato pela confiança que ela me deu.

A Polita entende muito de maconha e, realmente, tem toda a minha admiração. 

Facu Santo Remedio (Uruguai), ator, apresentador do Legal e influenciador de maconha: “Tenho ela sempre presente e lá em cima”

Só posso dizer coisas boas sobre Polita Pepper. Ainda não tive o prazer de poder abraçá-la. Quando comecei a me envolver com a maconha e com o mundo da comunicação, um dos nomes femininos mais atuantes nessa luta, nessa divulgação da cultura e na defesa dos direitos dos consumidores e produtores, era a Polita.

Todos me falaram dela. “Você tem que conhecer Polita, você tem que falar com Polita.” E quando eu me reunia com alguém que era uma grande referência para mim, ele dava o nome dela. E quando saí para falar com referências da América Latina, todos me falaram do Polita.

E acompanhando um pouco a trajetória dela e começando a vê-la, por admiração e por referência, sempre a tenho presente e lá em cima. Espero que esse encontro aconteça e possamos nos abraçar e fumar um. Polícia para sempre.

Thabata Neder (Brasil), terapeuta especialista em fitoterapia canábica e ativista: “Admiro muito ela”

Sincronicidade é uma coincidência maravilhosa. Estou aqui agora no Brasil na organização governamental que fundei e presido para o cultivo de cannabis e seu processamento. Estou com Polita agora. Ela está sentada lá fazendo entrevistas, algo assim.

Não tenho tantas palavras pra dizer: ela é um amor, ela é minha amiga. Eu a admiro muito. Todo o seu caminho acompanhando a cannabis e aquela ancestralidade que ela tem, eu adoro.

VeritoWeed (Colômbia), empresário e ativista: “É uma anedota em si”

Sigo a Polita, admiro-a e a respeito há muito tempo. Mas ele era um personagem com quem, apesar de ter muitas coisas em comum, nunca conseguimos nos aproximar. Ainda há coisas em que você sente que estão destinadas a acontecer…

E assim foi: sem planejar e em lugares e momentos que pareciam distantes, começamos a nos encontrar. Primeiro foi em Cancún, depois em Cali, em Santa Marta, em Montevidéu, em Medellín. E assim, diferentes cidades se tornaram palco de uma amizade onde, entremeados a questões políticas, feministas e canábicas, sentimentos de alento, abraços de apoio, lembranças íntimas, puxões de orelha e conselhos de quem só se oferece a quem mais se quer

É difícil pensar em uma anedota, porque passar um tempinho com Polita é uma anedota em si. Temos uma irmandade tão bonita na qual, além de compartilhar alguns humores e certas posições perante a vida, oferecemos apoio, cumplicidade emocional em momentos de euforia, risos, tristezas, corações partidos e almas satisfeitas.

Com o Polita simplesmente acendemos um baseado, dançamos cumbia e aprendemos juntos a soltar e repetir o nosso mantra: “Que tudo que está solto caia fora”.

Foto por Javier Hasse

Matéria originalmente publicada no site El Planteo e adaptada ao Weederia com autorização