A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), oitavo nome mais votado da Câmara Federal de 2022 com 337.873 votos, se manifestou favoravelmente à legalização da maconha em entrevista à revista Marie Claire.

“O Brasil tem uma das populações carcerárias mais altas do mundo e isso se deve a muitos fatores, como o tempo de julgamento no Brasil. Alguns estudos apontam que é de 8 anos. Estamos falando de muitas pessoas que estão ali, presas de forma injusta e que não tem direito à defesa e ao julgamento. Essa discussão é complexa e é impactada também pela questão da chamada guerra às drogas. Olhando para experiências positivas de outros países, defendo a legalização da maconha”, disse a deputada. 

Tabata, que é da Vila Missionária, periferia de São Paulo, perdeu o seu pai por conta da dependência química quando tinha apenas 18 anos de idade. A deputada diz acreditar ser necessário uma mudança sobre como a sociedade encara o tema das drogas. Para ela, há de se tratar como questão de saúde pública. 

“A gente precisa passar por uma transição, para deixar de encarar o uso – e não a comercialização ilegal – como uma questão de saúde e não de polícia e segurança. Digo isso com muita propriedade, pois perdi meu pai para as drogas. Convivi com a dependência química no contexto em que ele só recebia julgamentos e preconceitos, e não o apoio e acolhimento que uma pessoa doente precisa. Tratar um dependente químico como um criminoso é apenas mais uma forma de punir a população mais pobre e negra”, ressaltou.

Na entrevista, a deputada também destacou que a discussão sobre a cannabis ainda é vista com muito preconceito. E, para ela, este é um debate complexo e a legalização da maconha não é o único caminho a seguir.

“Precisamos de muito mais inteligência entre os entes. Toda a discussão, ainda com muito preconceito, sobre a utilização do canabidiol mostra como estamos atrasados nesse debate.”
 Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil