Por Fermin Orgambide

Um estudo recente liderado pelo Centro de Pesquisa Psicodélica do Imperial College de Londres descobriu que a psilocibina pode aumentar a neuroplasticidade em casos de depressão resistente ao tratamento (TRD) ainda mais do que os antidepressivos tradicionais, como os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs).

Os resultados do estudo foram relatados na revista Nature Medicine sob o nome “Aumento da integração global no cérebro após terapia com psilocibina para depressão”. A pesquisa indica que a psilocibina aumentou a conectividade cerebral durante o tratamento e nas três semanas seguintes.

Os autores do estudo observaram que “pacientes com diagnóstico de depressão frequentemente apresentam um viés cognitivo negativo, caracterizado por pessimismo, pouca flexibilidade cognitiva, padrões de pensamento rígidos e fixações negativas em relação ao ‘eu’ e ao futuro […] A rede cerebral intrínseca, a rede de modo padrão (DMN), está associada à introspecção e ao pensamento autorreferencial. Essas funções cognitivas são frequentemente hiperativas na depressão”.

O termo “DMN” é usado para fazer referência a uma rede de regiões cerebrais em interação que estão sempre operando em segundo plano, mas são menos ativas ao realizar uma tarefa focada.

Pesquisas anteriores descobriram que a ingestão de psicodélicos pode alterar os caminhos da DMN. De acordo com o novo estudo, as mudanças na conectividade cerebral podem ser atribuídas a “uma diminuição específica na conectividade dentro do DMN e um aumento na conectividade DMN com outras redes de ordem superior”.

Em outras palavras, a psilocibina pode ajudar o cérebro a romper com os padrões rígidos e estruturados da depressão de uma forma que os antidepressivos tradicionais não conseguem.

O estudo consistiu em dois ensaios clínicos. No primeiro, 19 pessoas participaram de um estudo aberto no TRD, onde todos os participantes receberam psilocibina. O segundo ensaio foi um ensaio clínico randomizado em um tipo mais geral de depressão, cujo objetivo era comparar a psilocibina com o SSRI escitalopram. Neste caso, 21 pessoas receberam escitalopram e 22 receberam psilocibina.

“Uma implicação empolgante de nossas descobertas é que descobrimos um mecanismo fundamental pelo qual a terapia psicodélica funciona não apenas para a depressão, mas para outras doenças mentais, como anorexia ou vício. Agora precisamos testar se esse é o caso e, se for, encontramos algo importante”, comentou Robin Carhart-Harris, diretor da Divisão de Psicodélicos do Neuroscape, UCSF.

O estudo chega em um momento em que mais e mais testes com psilocibina estão sendo realizados para avaliar a eficácia da substância contra distúrbios de saúde mental.

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Matéria originalmente publicada no site Benzinga e adaptada ao Weederia com autorização