Por Joana Scopel

Um novo estudo descobriu que “o uso de cannabis está associado a uma menor gravidade do COVID-19 entre pacientes hospitalizados”. Segundo os pesquisadores, “a cannabis pode levar a uma menor gravidade da doença e melhores resultados, apesar do uso concomitante de tabaco ser cinco vezes maior entre os usuários de cannabis em comparação com os não usuários em nossa população de estudo”.

A pesquisa teve como objetivo avaliar se usuários de maconha hospitalizados por COVID-19 tiveram melhores resultados em comparação com não usuários.

O estudo, que foi realizado em dois hospitais da Califórnia e publicado no Journal of Cannabis Research, mostrou que aqueles que usaram cannabis tiveram melhores resultados. Da mesma forma, apresentaram menor necessidade de internação em terapia intensiva ou ventilação mecânica.

“Usuários de cannabis tiveram resultados significativamente melhores em comparação com não usuários, como refletido em pontuações mais baixas do NIH (5,1 vs. 6,0), hospitalização mais curta (4 dias vs. 6 dias), menores taxas de admissão em terapia intensiva (12% vs. 31 %) e menor necessidade de ventilação mecânica (6% vs. 17%)”, explica o estudo. A admissão em terapia intensiva foi 12 pontos percentuais menor e as taxas de intubação foram 6 pontos percentuais menores em usuários de cannabis.

Sobre o estudo

Os autores afirmaram que “os melhores resultados podem ser devidos às propriedades medicinais, incluindo efeitos anti-inflamatórios, de alguns canabinoides”.

Eles também apontaram que a relação entre o uso de cannabis e melhores resultados da Covid faz sentido.

“Dos 1.831 pacientes Covid que participaram do estudo, 69 pacientes declararam ter usado cannabis ativamente, o que representou 4% do número total de pacientes”, afirmou o estudo. “É importante notar que as diferenças na sobrevida geral não foram estatisticamente significativas entre usuários e não usuários de cannabis”.

Métodos

O método utilizou uma análise retrospectiva dos dados dos pacientes. Isso incluiu a comparação dos escores de gravidade do NIH Covid-19, necessidade de oxigênio suplementar, admissão em terapia intensiva, ventilação mecânica, tempo de internação hospitalar e morte hospitalar de usuários e não usuários de cannabis.

“Dada a diversidade de maneiras pelas quais a cannabis pode entrar no corpo, nosso agrupamento de cannabis inalada e ingerida deve apresentar pouca variabilidade em uma coorte já altamente variável de usuários de cannabis”, explicou o estudo sobre métodos de uso.

“Agrupar todos os usuários de cannabis, independentemente do método de uso, dá ao nosso estudo mais poder na análise, minimizando o risco de dados sobreajustados”.

Conclusões

O estudo concluiu que “os usuários de cannabis eram mais propensos a ter níveis mais baixos de marcadores inflamatórios na admissão em comparação aos não usuários’. Esse efeito foi mantido ao longo do curso do hospital, com os usuários de cannabis continuando a ter marcadores inflamatórios mais baixos em comparação com os não usuários”.

Além disso, a equipe que conduziu a pesquisa disse que “este é o primeiro estudo a analisar os resultados clínicos de usuários de cannabis hospitalizados com COVID-19”.

No entanto, eles concluíram que “mais estudos, incluindo análises prospectivas, ajudarão a entender melhor a relação entre a cannabis e os resultados do COVID-19”.

Matéria originalmente publicada no site Benzinga e adaptada ao Weederia com autorização