Sábado, dia 04 de junho, amanheceu ensolarado na cidade de Itu, cerca de 100 quilômetros distante de São Paulo. Mas, aos poucos, uma certa névoa começar a tomar conta do Parque Maeda. E, esta mística natural embalou todo dia e as mais de 6 mil pessoas que estiveram na sexta edição da Expo Head Grow.

Expo Head Grow reúne 6 mil pessoas com palestras, shows e, claro, muita maconha
Expo Head Grow reúne 6 mil pessoas com palestras, shows e, claro, muita maconha

“Parece a Expo Cannabis no Uruguai”, esta foi uma das expressões mais ouvidas no evento. E, de fato, quem já esteve na feira uruguaia notou similaridades – tanto no clima quanto na proposta dos expositores. Mas, claro, aqui existe uma grande diferença, sofremos com a proibição.

Apesar da proibição do uso da maconha no Brasil, por algumas horas, as pessoas que lá estavam, sentiram um gostinho do mercado legalizado. Empresas de sedas, piteiras, bongs, produtoras de cerveja, de chocolate, máquinas de extração, material para cultivo. Teve de tudo, até campeonato de baseados.

Um dos destaques da Expo ficou por conta do espaço montado pela startup Xah com Mariaz, idealizado pela Katia Cesana. Ela resolveu unir diversas iniciativas voltadas ao cenário da maconha, produzidas por mulheres e montar um espaço 100% feminino no evento. Das 10h da manhã até o final do evento, havia fila para conhecer as iniciativas apresentadas.

“Quem sabe no futuro a gente não conta com uma área, não apenas um estande, somente de mulheres”, comentou Katia, feliz com a repercussão de sua iniciativa, ao final do evento.

Outro ponto alto foi o museu da seda apresentado pela Suave Paper. Marcelo, seu fundador, é um amante do papel e em sua coleção possui sedas de mais de 100 anos e, até uma que foi eleita a melhor seda do mundo há 40 anos.

“Eu já experimentei dela e, realmente, é muito boa”, conta Marcelo.

Quem também esteve presente foi o pessoal do Reaja, com seus testes colorimétricos. Fundada em 2015 por dois químicos, Fabiano Soares e James Kava, a Reaja apresenta soluções colorimétricas para identificar se determinada amostra é rica em CBD, rica em THC ou, até mesmo, para identificar se existe a presença de canabinoides ácidos ou não.

“Desta vez nós trouxemos também os testes para outras substâncias”, conta Gabriela Grossmann às 08h da noite, hora em que conseguiu sair do estande do Reaja para comer algo.

Num determinado momento da tarde, o auditório lotou. Havia gente do lado de fora, em cima de um carrinho, se espichando entre ombros e, todos, para ver Alice Reis falar sobre o haxixe.


Nem mesmo os shows que estavam rolando ao lado do auditório foi capaz de tirar a atenção de quem lá estava. Mas, Alice não foi a única a palestrar na Expo.

Às 11h da manhã Katia, da Xah com Mariaz e outras heempreendedoras, estavam lá abrindo com chave de ouro o evento ao falar sobre como as mulheres estão semeando no mercado canábico. Teve também o advogado Erik Torquato, o médico Pedro Melo, da clínica CBDoctors, o agrônomo Bruno Gagliardi e o pessoal da Overgrow para fechar o dia.

“Eu cheguei às 11h aqui no auditório e vou ficar até a última palestra. Quero ouvir todos. E, durante os intervalos, vou passear pela feira um pouco”, contou, com empolgação, a estudante Vitória.

“Achamos o evento bem legal e em um espaço muito bonito e organizado. Foi nosso primeiro evento desse tipo e foi incrível imaginar como seria se fosse legalizado todo dia. Encontramos a galera que nos segue pelas redes, que trabalham conosco, amigos da pandemia, e estar junto dessas pessoas que acreditam e lutam junto conosco nessa caminhada. Teve algumas dificuldades e realmente não é tão acessível para todos, mas foi muito mais barato em relação à festivais como Rock in Rio e Lolapalooza, por que foi isso né, um festival comercial, teve atrações como shows, paletras, empresas, jogos, brindes lkk e foi o lugar que escolhemos para realizar o nosso dino ao vivo, o primeiro programa de auditório canabico de maconheires para maconheires e demos como brindes kits sativart e piteiras greenie, e vamos lançar tudo no nosso canal do YouTube, vai ser legal mostrar esse outro lado da EHG divertido e educativo!”, conta Carol, criadora de conteúdo dos projetos Prensado Pensado e Dinossauro na Coleira.

Um festival de música num festival de maconha

Para embalar toda a fumaça produzida pelos presentes na Expo Head Grow, o evento contou com uma programação de shows que começou às 11h da manhã com Plena Rap e terminou, já perto da meia-noite, com o show da banda de reggae Mato Seco.

O gramado à frente do palco foi um dos locais mais frequentados. Rodas e mais rodas de maconheiros se formaram para acompanhar os shows que rolaram. E, claro, todo show era embalado por um único grito: Legaliza!

“Este evento prova que estamos prontos para legalizar. Claro que ainda há muito a se ajustar, muito a se construir e muitos efeitos causados pela proibição a se derrubar. Mas, a indústria está pronta e nós, consumidores, também”, conta o administrador Tadeu enquanto acompanhava o show da banda Mato Seco.

Expo Head Grow reúne 6 mil pessoas com palestras, shows e, claro, muita maconha
Expo Head Grow reúne 6 mil pessoas com palestras, shows e, claro, muita maconha

O show de reggae, inclusive, coroou o evento. Não foi apenas o espaço à frente do palco que ficou cheio, todos pararam para cantar as músicas de Rodrigo Piccolo. E, ao final, o papo entre as rodas era o mesmo: ‘ano que vem estaremos de volta. Tomara, que o país já tenha legalizado’.

Tomara. Para isso, ainda há um caminho muito grande pela frente. Mas, eventos como este ajudam, cada vez mais, a fortalecer toda a cena da cannabis no país.