Um dos nomes que agitou o Cannabis Thinking, evento realizado em São Paulo que trouxe debates sobre a utilização científica, industrial e medicinal da cannabis, foi o de Sebastian Marroquín, escritor e arquiteto colombiano. Sebastian, filho de Pablo Escobar e cujo nome de registro é Juan Pablo Escobar, mas após a morte de seu pai ele decidiu mudar, é mais uma voz enfática contrária à Guerra às drogas.

– A proibição está ajudando os traficantes, nós temos que ficar muito atentos a isso – disse o escritor durante o debate.

Filho de um dos maiores narcotraficantes, Sebastián disse que a primeira vez que teve contato com as drogas foi aos 8 anos, quando seu pai o levou para a famosa `Hacienda Napoles` e o colocou frente a frente a uma mesa com cerca de 10 tipos diferentes de drogas. 

Ali, diante de maconha, cocaína, LSD, crack e, até heroína, o jovem teve aula de seu pai sobre os impactos que o vício pode causar na vida de uma pessoa. 

– Ele começou a me explicar todas as consequências de consumir as substâncias e me confessou que provou todas, menos a heroína. Ele sabia do poder aditivo dela – contou Sebastian.

Sebastian conviveu diariamente com o impacto da guerra às drogas promovida pelos Estados Unidos e replicada mundo afora. Segundo ele, se este tipo de ação não tivesse existido, dificilmente figuras como a de seu pai teria surgido no cenário mundial. Muito menos o impacto causado pelas ações do governo e da proibição. 

– Sem a proibição, nós não falaríamos de Pablo Escobar. Não teríamos Pablo Escobar. Podemos colocar um ponto final, está nas mãos dos nossos políticos. A proibição está ajudando os traficantes – complementa.

O arquiteto e, hoje, ativista pela paz, destaca que ainda há muita contradição na questão das drogas, principalmente por parte dos Estados Unidos. Atualmente, o país vê inúmeros de seus estados legalizarem o consumo adulto e a questão ser discutida cada vez mais no aspecto federal. No entanto, apesar de as políticas internas estarem cada vez mais voltada para o fim da proibição, as ações externas continuam focadas na proibição.

– Existe muita contradição existe a legalização da maconha nos Estados Unidos e, por outro lado, eles exercem muita pressão nos países da América Latina para que eles continuem a guerra às drogas. Você está legalizando no seu país e está dando ordens para que continuemos a nos matar. Isso é uma grande contradição que precisa ser resolvida – declarou.

O ativista também contou como decidiu ir atrás das vítimas de seu pai para pedir perdão pelos crimes cometidos. Dentre estas vítimas está Juan Manuel Galán, filho de Luis Carlos Galan, agente político brutalmente assassinado a mando de Pablo Escobar.Atualmente, Galán segue os passos de seu pai na política e é um dos nomes da Colômbia contrários à proibição. 

– Uma guerra absurda, que só gerou mortes. E, uma guerra profundamente racista – declarou Juan Manuel em vídeo enviado ao evento.

– Juan Manuel poderia ser o cara perfeito para continuar com a proibição. Mas, não. Ele está pensando em como prover uma solução real. Eu acho que, quando ele fala de regularização e legalização, eu posso ver que ele está sentindo toda a dor que há por trás, que ele está pensando no futuro da nação e das famílias – complementou.