O Ironman é uma das provas difíceis do mundo. Para completá-lo, o atleta precisa nadar 3,8 quilômetros no mar, pedalar 180 quilômetros e, para finalizar, correr uma maratona, ou seja, mais 42 quilômetros. Para realizar esta prova, não precisamos dizer que o atleta precisa estar muito bem treinado. E, no último Ironman que aconteceu no Brasil, no mês de maio em Florianópolis, a cannabis medicinal foi uma parceria na vida de um competidor.

Daniel Barsottini, 46 anos, atleta desde os 6 anos de vida, decidiu aos 16 que irá realizar o Ironman em algum momento de sua vida. Profissional da educação física, pós-graduado em fisiologia do exercício e mestre em ciência do movimento, Barsottini concluiu o desafio em pouco mais de 13 horas e, segundo ele, o canabidiol foi um grande aliado na prova.

“O Ironman foi uma prova brutal, muito pior do que eu esperava por conta das condições climáticas. A natação foi perfeita, já no pedal mudou um pouco. Até o quilômetro 40, fluiu super bem. Mas, dali pra frente a coisa mudou. Começou a chover demais, a temperatura caiu e causou um desconforto muito grande. Foi muito pesado, mas por pior que estivesse o tempo, não passou pela minha cabeça desistir. Eu estava muito focado, e acho que isso devo ao CBD”, conta Daniel.

Daniel começou a fazer tratamento com canabidiol há pouco mais de um ano devido a problemas de insônia. Segundo ele, durante as suas piores crises, dormia pouco mais de 10 horas em uma semana. Algo completamente prejudicial para qualquer ser humano e, mais ainda, para uma pessoa que trabalha com o corpo.

“Com o tratamento à base de cannabis, meu sono melhorou, numa escala de 0 a 10, 8. E isso impactou muito na vida de atleta. Afinal, tão importante quanto treinar, é descansar”, ressalta o atleta que conta com apoio da empresa norte-americana USA Hemp e da consultoria Medical Hemp.

Vida de atleta que começou cedo, segundo relembra Barsottini. Aos 6 anos já fazia natação, passou pelo judô e na faculdade conheceu o atletismo e o triatlo. Para realizar o Ironman, Daniel treinou de 13 a 16 horas por semana durante seis meses, chegando a bater 17 horas de treino no ápice da preparação.

Durante este tempo ele fez uso de canabidiol e, segundo ele, foi fundamental para que pudesse ter uma carga de treino maior do que o programado.

“Quando falamos de preparação física, a cannabis medicinal fez toda diferença, em especial na minha recuperação. O CBD possui uma ação moduladora inflamatória. Diferente do antiinflamatório que mascara o processo inflamatório, o CBD ajuda na otimização deste processo. O processo inflamatório que era para durar 36 horas, caia para 24 horas e isso me ajudava a dar um novo estímulo”, ressalta.

Se ajudou Daniel na preparação ao melhorar o processo inflamatório, durante a prova, para dar mais foco, o canabidiol também tem ajudado Daniel na recuperação após o Ironman. Foram pouco mais de 13 horas de prova, um massacre para o corpo. Mas, pouco mais de uma semana após o término da prova, ele considera que sua recuperação está bem avançada.

“O pós-prova está me surpreendendo, foram 13 horas de prova, uma agressão ao corpo. Se a gente parar para pensar, eu fiz um tratamento ininterrupto com o CBD, me preocupando não somente com a performance, mas também já olhando pra frente me preocupando com a recuperação. Uma semana depois eu já até voltei a treinar, se deve também a utilização monitorada por médico do canabidiol. Eu não sinto mais meu corpo doendo, estou 85% recuperado. Algo que eu pensei que fosse ocorrer em 15 dias, em uma semana já está bem”, complementou.

A associação cannabis e esporte nunca foi tão bem vista, principalmente pelos estigmas sociais causados pela Guerra às Drogas. Mas, ações das grandes ligas esportivas norte-americanas, como a NFL e a NBA, têm demonstrado que ela pode ser uma grande aliada no tratamento físico dos atletas.

Daniel Barsottini é um grande exemplo disso. Não foi a cannabis que o tornou um Ironman, mas, com certeza, foi com ela que ele pode realizar uma melhor preparação, finalizar a prova e, como ressaltou, ter uma recuperação otimizada. 

Por conta da Guerra às Drogas ainda necessitamos de mais estudos para entender por completo o papel medicinal da cannabis na prática esportiva. Mas, cada vez mais, atletas como Daniel estão demonstrando, na prática, que ela pode ser uma grande aliada tanto do atleta profissional quanto do atleta que busca apenas uma melhor condição de vida.