Por Nina Zdinjak
Pesquisadores da Califórnia chegaram perto de uma explicação científica de por que os usuários de maconha tendem a ser mais magros e menos propensos a ter diabetes, apesar da ‘larica’
De acordo com um novo estudo realizado na Universidade da Califórnia em Irvine e publicado na Science Direct, o uso de maconha durante a adolescência altera o metabolismo energético na idade adulta.
É importante observar que a pesquisa foi realizada em camundongos, mas, como observaram os autores, o sistema endocanabinoide é encontrado na maioria (se não em todos) os órgãos dos mamíferos e está envolvido em vários processos fisiológicos.
No estudo, baixas doses de THC foram administradas a camundongos adolescentes. Assim, descobriu-se que o efeito perdura até a idade adulta, alterando o balanço energético e a homeostase dos órgãos adiposos (armazenamento de gordura).
Essas mudanças podem afetar tanto a atividade física quanto os processos mentais, como a atenção, que precisam de um suprimento estável de combustível cerebral.
Camundongos que receberam THC na adolescência, mas não na idade adulta, reduziram a massa gorda e aumentaram a massa magra. Eles eram parcialmente resistentes à obesidade e à hiperglicemia, tinham temperaturas corporais acima do normal e eram incapazes de mobilizar o combustível das reservas de gordura. Várias dessas características também são observadas em pessoas que usam maconha com frequência.
Maconha e metabolismo: pontos-chave do estudo
O uso regular de maconha causa alterações nas células adiposas, fazendo com que elas produzam proteínas normalmente encontradas apenas nos músculos e no coração, afetando sua capacidade de armazenar e liberar nutrientes. Essas mudanças podem afetar os processos físicos e mentais que requerem um suprimento estável de nutrientes para o cérebro.
“A exposição de adolescentes ao THC pode promover um estado duradouro de ‘pseudo-magra’ que se assemelha superficialmente à magreza saudável, mas pode, na verdade, estar enraizada na disfunção dos órgãos adiposos”, observa o estudo.
“Muitas vezes pensamos na cannabis apenas como uma droga psicotrópica”, disse Daniele Piomelli, MD, diretor do UC Irvine Center for the Study of Cannabis, Louise Turner Arnold Professor of Neurosciences e professor do Departamento de Anatomia e Neurobiologia da UTI.
“Mas seus efeitos vão muito além do cérebro. O componente principal, o THC, imita um grupo de mensageiros químicos chamados endocanabinóides, que regulam funções importantes em todo o corpo”, acrescentou Piomelli. “Nossos resultados sugerem que interferir na sinalização endocanabinóide durante a adolescência altera permanentemente a função do órgão adiposo, com consequências potencialmente de longo alcance para a saúde física e mental”.
O estudo foi financiado principalmente pelo Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas (NIDA).
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Matéria originalmente publicada no site Benzinga e adaptada ao Weederia com autorização