Na última semana aconteceu o 1º Seminário Estadual sobre a Cannabis Medicinal com o tema Usos Terapêutico e Perspectivas Legais no Maranhão. O evento, promovido pela Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), contou com a parceria com o programa Farmácia Viva, da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Conselho Regional de Farmácia do Maranhão, Associação Acolhedeira e Bella Farma.

O evento reuniu gestores públicos, profissionais da saúde, pesquisadores, estudantes e familiares de pessoas que fazem uso terapêutico na Cannabis sativa no Maranhão e em outras regiões do Brasil. Pioneiro no estado, o seminário trouxe para o debate as diversas potencialidades da planta para o tratamento de doenças como depressão, epilepsia refratária, esclerose múltipla, paralisia cerebral, alzheimer, dores, inflamações, entre outras. 

O evento contou também com a apresentação de estudos científicos e um panorama sobre os avanços e desafios para regulação e legalização das medicações à base de Cannabis, além de relatos de experiências.

“A melhor forma de enfrentar o desconhecimento e o preconceito é fazer o que estamos fazendo hoje neste seminário: trocando conhecimentos e experiências, debatendo e principalmente abrindo o diálogo com os diversos setores da sociedade, como o poder público, a universidade, as instituições do sistema jurídico, com as comunidades indígenas que detém um saber ancestral sobre o uso das plantas medicinais para que possamos estabelecer novos paradigmas. Hoje avançamos nesse caminho e agora temos o desafio de ampliar essa mobilização para que mais pessoas tenham acesso ao tratamento terapêutico com a Cannabis no nosso Estado”, ressaltou o secretário de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves.

A liderança indígena da Terra Indígena Araribóia, Maria Santana Guajajara, conhecedora das plantas medicinais, desenvolve, há anos, uma série de produtos para tratamento de doenças, como pomadas e óleos. Ao falar sobre sua experiência, ressalta que os povos indígenas têm como herança que passa de geração em geração os saberes da natureza que trazem cura. “O corpo fala, as dores no corpo falam pra gente, o tratamento fala pra gente. Esse conhecimento que nós, povos indígenas, temos, está dentro de nós, é resultado da preservação da nossa ancestralidade e do que o corpo humano apresenta”, disse. 

Um grupo de mães, intitulado Mãeconheira, participou ativamente do seminário como ativistas do uso medicinal da Cannabis, mostrando por meio de suas experiências com os filhos no tratamento da Epilepsia Refratária, doença que pode causar cerca de 50 convulsões diárias, e de sintomas associados ao autismo. 

Além da questão da saúde, o seminário também trouxe para a discussão o panorama legal e regulatório no Brasil, destacando os avanços e desafios para a garantia do acesso ao tratamento terapêutico com a Cannabis. O juiz titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, Douglas Melo Martins, destacou que esse debate é fundamental para o avanço de políticas públicas de saúde e para garantia dos direitos humanos. Ele destaca ainda que é necessário fazer uma mobilização em rede. 

“Há sim muitos avanços que podem ser destacados, ganhos individuais e coletivos para a sociedade. Mas se quisermos ampliar ainda mais o acesso ao tratamento com o uso da Cannabis é necessário fazermos uma articulação em rede. Eventos como esse aqui são importantes porque reúnem pessoas de diversos segmentos e geram um impacto que pode resultar em mudanças”, afirmou o juiz.

Com informações do Governo do Estado do Maranhão