‘Nascido em São Cristóvão, morador de Madureira’, músico, criador de uma das maiores bandas de rock do Brasil e porta-voz de milhares de maconheiros. Preso em 1997 por ‘apologia às drogas’, mas venceu e não foi por acidente. Marcelo Maldonado Peixoto, ou apenas Marcelo D2, o ‘maconheiro mais famoso do Brasil’, lançou sua linha de produtos à base de cannabis na última semana.
‘Eu vivi para chegar neste lugar. Entrando em uma empresa como a Koba, com tantos valores, com tantas vontades de fazer a coisa certa, com projetos sociais, com o que eles estão fazendo no Paraguai, com o que nós vamos fazer no Brasil. Pra mim, é quase como a realização de um sonho, lançar um CBD e chegar num lugar deste depois de 30 anos para falar’, conta D2.
A linha de produtos de Marcelo D2 foi lançada em parceria com a empresa paraguaia Koba e tem três óleos de CBD Full Spectrum (feitos com o extrato integral da planta). A linha coloca o músico e empreendedor na vanguarda do país, sendo o primeiro artista a criar e lançar uma linha de produtos à base de maconha com o seu nome.
“Pra mim, é quase como a realização de um sonho, lançar um CBD e chegar num lugar deste depois de 30 anos para falar. Chegou um momento que eu falei já era, não vai acontecer (a legalização). Assim, a gente ainda tem muito a caminhar, a Koba ainda está no Paraguai. A gente ainda precisa importar, a gente não pode produzir aqui ainda. Eu gosto de usar esta palavra ainda. Não é mais se vai legalizar, mas é quando! Este é o fato”, complementou.
D2 foi o convidado do Cannabis Thinking, um evento voltado da The Green Hub que reuniu inúmeros especialistas sobre a maconha em São Paulo, e, como não poderia ser diferente, causou impacto desde o momento em que chegou. Ao lado dele, estavam a advogada Gabriella Arima, a educadora Janine Rodrigues e o juiz do STJ Rogério Schietti.
“Eu não imaginava que 30 anos eu poderia estar ao lado de um ministro falando e discutindo sobre isso. Eventos como estes são importantíssimos. Em pautas como esta, é muito difícil caminhar sozinho. É muito importante que a gente se junte, que a gente possa ter canais como o de vocês, que a gente possa ter todo mundo junto, que a gente possa se unir e fazer com que esta pauta ande”, complementou.
Mas, não é apenas a linha de óleos que o D2 está lançando. No início deste ano o músico e empreendedor apresentou o Universo D2, um marketplace que surge com a missão de aproximar a população com o presente e crescente mundo da cannabis no Brasil, catalogando publicamente produtos e serviços e fomentando as novidades e eventos relacionados ao setor.
Segundo ele, o objetivo é alavancar empreendimentos inteligentes no ecossistema canábico, gerando oportunidades para marcas e produtos variados de se exporem e amadurecerem nesse novo mercado, com responsabilidade e visão de longo prazo.
“A ideia de fazer o Universo D2 é exatamente esta, um lugar que agregue com a marca, que agregue ideias”, complementou.
Além de se posicionar como um marketplace, o Universo D2 também atua como um fomentador de conteúdo e opinião, acompanhado de perto a discussão e evolução do tema no Brasil e América latina, sempre contando com a presença e opinião de Marcelo D2.
Nascido na periferia, D2 soube na pele, muito antes de virar vocalista do Planet Hemp, os efeitos da proibição. Por isso, entende que a primeira coisa que tem de vir com a legalização da maconha é a reparação histórica.
“O primeiro grande passo é legalizar e a gente reparar todo este erro. Esta guerra às drogas é um erro histórico do ser humano. Tomara que em pouco tempo a gente olhe pra trás e veja o absurdo que a gente cometeu. Eu estava em Berlim há um tempo, e a gente estava no muro e pensando ‘o ser humano erra muito’. Os caras construíram um muro para colocar de um lado um pensamento e de outro, outro. A grande pauta é a reparação. A gente tem que olhar quem sofreu com isso, quem morreu, quem foi preso, quem continua respondendo processo. Acho muito interessante o jeito que o Colorado fez, que é priorizar pessoas que sofreram com isso no mercado”, complementou.
