Por Franca Quarneti

O Conselho Internacional de Controle de Narcóticos da ONU (JIFE) divulgou seu Relatório Anual de 2021. Nele, eles garantiram que “são encontradas evidências crescentes de uma ligação entre a exposição às redes sociais e o uso de drogas, uma vez que as plataformas oferecem novas oportunidades para comprar substâncias controladas”.

Da mesma forma, de acordo com o site de notícias da organização internacional, este link “afeta desproporcionalmente os jovens”, já que são os principais usuários das redes sociais.

A diretoria também aponta outras “ferramentas digitais” que são utilizadas por criminosos, além das redes sociais. São moedas digitais, pagamentos móveis e carteiras digitais, que “tornam a transferência internacional de fundos mais fácil e rápida e permitem ocultar a origem dos fundos ilegais”.

A esse respeito, Jagjit Pavadia, presidente da JIFE, afirmou: “Os fluxos financeiros ilícitos merecem atenção e escrutínio especiais porque o tráfico de drogas é uma indústria muito lucrativa para grupos criminosos organizados”.

Que solução este órgão propõe? Que o setor privado modere e autorregule suas plataformas e que a publicidade e a promoção do uso não médico de medicamentos sejam limitadas. E, também, que os Estados dos diferentes países assumam um papel mais ativo na regulação das redes sociais.

“Além de promover comportamentos negativos relacionados ao uso de drogas, oferecendo uma imagem atraente das drogas, eles dão aos consumidores a oportunidade de comprar cannabis, analgésicos prescritos e outras substâncias em muitas plataformas”, disse Pavadia.

Você pode ver o relatório completo clicando aqui.

Redes sociais e drogas: o caso do Snapchat

Uma investigação da NBC News publicada em outubro de 2021 revelou que as pílulas de fentanil que mataram adolescentes e jovens adultos nos Estados Unidos foram vendidas pelo Snapchat.

Por sua vez, as overdoses de drogas estão aumentando no país norte-americano, em parte devido a ondas de jovens que pensam que estão comprando pílulas de prescrição (como Percocet, OxyContin ou Xanax) e acabam comprando pílulas falsificadas com doses mortais de fentanil, um opióide sintético cem vezes mais forte que a morfina.

É por isso que a Snap, empresa controladora do Snapchat, disse que atualizou seu sistema automatizado para detectar drogas ilegais e contratou mais funcionários para lidar com solicitações das autoridades.

Por outro lado, a rede social mudou sua função de recomendação de amigos “Quick Add”, para não sugerir usuários menores de idade. Isso dificultará que estranhos adicionem adolescentes que não conhecem como amigos.

Jacqueline Beauchere, chefe global de segurança da plataforma, justificou: “O Snapchat não é ideal para conhecer novas pessoas. Ele foi projetado para se comunicar com pessoas que você já conhece, seus amigos da vida real.”

Por sua vez, conforme relatado pela NBC News, a empresa fez parceria com duas organizações que oferecerão conteúdo educacional sobre os danos das drogas (Community Anti-Drug Coalitions of America e Truth Initiative).

“Nosso objetivo de livrar o Snapchat dos traficantes e do conteúdo de drogas não será alcançado da noite para o dia. Progresso significativo leva tempo. Estamos cientes de que nosso trabalho pode nunca acabar”, concluiu o chefe global de segurança.

Matéria originalmente publicada no site El Planteo e adaptada ao Weederia com autorização