Por Lucía Tedesco
A ONU realizou uma sessão da Comissão das Nações Unidas sobre Narcóticos esta semana em Viena. Entre os países participantes do encontro estavam Colômbia e Bolívia, que solicitaram a retirada da folha de coca da lista de substâncias proibidas.
Ambas as nações se manifestaram para pedir o fim da proibição da folha de coca natural, porque ela tem vários usos e propriedades. Tanto a Colômbia quanto a Bolívia reivindicam o direito de comercializar e industrializar a planta.
A palavra do vice-presidente da Bolívia sobre a coca
O vice-presidente da Bolívia, David Choquehuanca, disse que o uso da folha de coca é tradicional, nutricional, terapêutico e espiritual. Além disso, criticou que tenha sido classificado como entorpecente e que seu consumo seja proibido.
“Durante seis décadas os operadores da dominação geopolítica do Ocidente intervieram no cultivo natural da folha de coca, seu uso ritual e seu consumo tradicional, implementando programas de erradicação de crimes que nunca cometeu”, disse o vice-presidente. Da mesma forma, qualificou a proibição como um “erro histórico”, porque viola a cultura dos povos originários.
Choquehuanca disse que é urgente revisar e atualizar os textos da Convenção de 1961. “É hora de divulgar a verdade e conscientizar a humanidade sobre a sagrada folha de coca”, enfatizou.
A Colômbia acompanhou o pedido da Bolívia
A vice-ministra de Assuntos Multilaterais da Colômbia, Laura Gil, falou sobre a política de drogas proposta pelo governo de Gustavo Petro. Uma das abordagens é reconhecer os direitos humanos das populações dedicadas há anos ao cultivo da folha de coca.
“Nosso país está cansado de abrigar os mortos e perseguir seus camponeses nesta guerra fracassada contra as drogas. Esse fracasso da guerra contra as drogas não representa uma dívida pendente da Colômbia, mas sim uma dívida do regime internacional das drogas com o mundo”, disse Gil.
Por outro lado, falou que pelo menos 2 milhões de hectares foram fumigados para cultivos ilícitos e que, mesmo assim, há 284 milhões de pessoas no mundo que consomem algum tipo de substância, segundo o Relatório Mundial sobre Drogas de 2022. Os países onde os mercados consumidores são demandados sem fazer a sua parte. Eles não fizeram o suficiente para impedir o uso de substâncias ilícitas”, exigiu.
Matéria originalmente publicada no site El Planteo e adaptada ao Weederia com autorização