Pioneira no uso de psicodélicos na América Latina, a Beneva também foi reconhecida como a empresa de ibogaína do ano pelo prêmio norte-americano, equivalente ao Oscar da categoria, que homenageia indivíduos e organizações que promovem um impacto positivo no campo dos psicodélicos.

A rede brasileira Beneva Clinic, empresa do Grupo Bienstar, recebeu neste fim de semana o maior reconhecimento das comunidades médicas e psicoterapêuticas que usam psicodélicos para tratamentos de saúde mental.

Na edição 2022 do Microdose Awards, principal premiação do setor psicodélico do mundo, realizada durante o festival Wonderland em Miami, Beneva foi a mais votada nas categorias “Clínica do Ano” e “Empresa de Ibogaína do Ano”. .

O reconhecimento coroa o trabalho de 28 anos do médico brasileiro Bruno Rasmussen Chaves, diretor médico da Beneva, que tratou mais de dois mil pacientes com psicoterapias integradas de saúde mental com substâncias psicodélicas, especialmente a ibogaína, substância extraída de uma planta africana chamada iboga.

No Brasil, a ibogaína pode ser importada para uso individual, para tratamento de dependência química.

“O simples fato de o Microdose Awards ter essa nova categoria já representa um grande reconhecimento do potencial terapêutico da ibogaína. Conquistá-la é a prova de que estamos no caminho certo e, pessoalmente, um reconhecimento muito importante do nosso trabalho de quase 30 anos com pacientes em condições difíceis de dependência”, afirma Rasmussen Chaves.

“Estamos muito gratos a todos que votaram em nós. Ganhar esse prêmio em votação ao lado de empresas tão importantes dos Estados Unidos destaca o Brasil e a América Latina no cenário mundial da ciência psicodélica. Isso mostra a força da nossa equipe e também do nosso mercado”, acrescenta Marco Algorta, CEO da Clínica Beneva e do Grupo Bienstar.

Entre as empresas que concorreram nas mesmas categorias estavam algumas das mais populares nos EUA, com grande valor de mercado, como a Field Trip, Numinus, Revitalize e Nushama.

A adoção da ibogaína sob supervisão especializada no tratamento da dependência química vem ganhando espaço na comunidade médica nos últimos 20 anos. Diferentes estudos realizados nos Estados Unidos e no Brasil indicam sua eficácia em pacientes dependentes de opioides, crack e álcool.

Estudo realizado nos Estados Unidos em 2018 identificou que 79% dos pacientes tratados com essa substância afirmaram não ter mais vontade de usar drogas após o tratamento. Além da ibogaína, a Clínica Beneva também é referência no uso da cetamina no tratamento da dor crônica, depressão e ideação suicida, seguindo o protocolo da American Psychiatric Association (APA).

Ressalta-se que a cetamina é uma substância registrada para uso analgésico desde a década de 1960. Sua aplicação para a depressão, no entanto, remonta ao início dos anos 2000, incluindo o parecer do Conselho Regional de Medicina de São Paulo.

A Beneva é a primeira rede nacional de clínicas especializadas na aplicação de terapias psicodélicas, e conta com o apoio de médicos experientes na administração de substâncias. A clínica atende tanto seus próprios pacientes quanto aqueles encaminhados por outros médicos.

No caso da ibogaína, os gerentes da Beneva também recebem pacientes do exterior, como ocorria pontualmente no consultório de Rasmussen Chaves, que hoje possui duas clínicas em São Paulo, a matriz da Beneva, a Bienstar. Em 2023, planeja entrar em outros países da América Latina. Para isso, a empresa abrirá uma nova rodada de financiamento com investidores especializados em saúde.

No início deste ano, a Bienstar levantou US$ 1,2 milhão para criar as primeiras clínicas. A operação financeira foi dirigida por Marco Algorta, sócio fundador e um dos pioneiros do negócio de cannabis no Uruguai. Uma parte do financiamento veio da Novamind, da Numinus, uma das dez empresas psicodélicas mais valiosas do mundo, e da Plaza Ventures, que também investe na Novamind, além de familiares e amigos.

Matéria originalmente publicada no site El Planteo e adaptada ao Weederia com autorização