Uma das primeiras mulheres que pensei quando resolvemos contar a história, neste mês de março, de algumas mulheres que inspiram o universo da utilização da cannabis para fins medicinais foi o da Corina Silva. Para quem não conhece, Corina é uma das responsáveis pela USA Hemp que, há 20 anos deixou o Brasil e construiu, ao lado de sua família, uma história de muita superação e devoção ao próximo.

Corina, como ela mesmo se define, é uma lutadora, batalhadora, como qualquer mãe: uma guerreira. Com seu marido, José Rocha, e três filhos, Ana, Rafael e Gustavo, criou a USA Hemp e foi uma das primeiras 50 empresas do estado do Oregon a obter uma licença para produzir cânhamo. Hoje, eles são um dos maiores produtores do estado, um dos pioneiros no mercado dos Estados Unidos e possuem uma atuação muito importante no Brasil, principalmente social.

A USA Hemp surgiu da vontade de seus três filhos em apostar no mercado da cannabis, que estava florescendo à época nos Estados Unidos. A ideia gerou desconfiança no primeiro momento por parte de Corina e seu marido. Mas, eles deram suporte para os filhos tentarem os primeiros passos.

“Na verdade, a gente não acreditava que eles conseguissem levar pra frente. A gente ajudou. Meus dois filhos e a filha mais nova estudavam e trabalhavam nisso, eles passavam dia e noite, sempre revezando. Eles que tiverem de ir e desbravar. Hoje eles têm esta empresa, tenho muito orgulho de falar que a gente trabalha pra eles. Quando a gente viu que estava funcionando, a gente vendeu nossos negócios e investimos para poder fazer. Até chegar ao que é hoje, teve muito caminho”, nos conta Corina.

Um caminho longo e de muita superação. No primeiro ano, a colheita da USA Hemp passou do nível permitido de THC e eles perderam quase 200 mil dólares, tendo de queimar toda a plantação na frente da  polícia. 

No segundo, descobriram mais problema: a janela de colheita. 

“Na hora de colher a gente perdeu quase 90% da produção porque não conseguimos colher a tempo, eram mais de sessenta pessoas trabalhando em turno de 24 horas para conseguir. A gente falou: ‘chegamos até aqui e perdemos tudo novamente’. Onde muita gente desistiria, a gente pegou e resolveu nadar novamente.”

No ano seguinte, um de seus filhos desenvolveu uma colheitadeira específica para a cannabis. Ele testou durante todo o ano e a máquina foi um sucesso. Ajudou e chamou a atenção de outros produtores. Resultado: na safra seguinte eles venderam 30 colheitadeiras iguais às que desenvolveram.

De acordo com a Revista Época, em 2021 a USA Hemp teve um crescimento de vendas no Brasil em torno de 60% em relação a 2020. Desde 2015, toda a empresa já teve uma receita acumulada de 25 milhões de dólares em vendas. 

“A  gente não tinha a intenção de ir para o Brasil, mas quando as pessoas começaram a descobrir que éramos uma família brasileira, elas começaram a nos procurar pedindo doações. Então, primeiro a gente entrou no Brasil na parte filantrópica, depois a gente entrou com a venda”. 

De origem humilde, Corina e sua família decidiram que iria ajudar as famílias brasileiras que não tivessem condições de financiar o tratamento com cannabis. Assim eles entraram no Brasil e, muitos após conquistar boa parte do mercado, não deixam de continuar a ajudar muitas famílias.

“Este ano a gente quer chegar a dois milhões de doações”, conta Corina.

Conheça um pouco mais de Corina Silva.

O lado bom da vida

Eu e meu marido não tínhamos condições de conseguir o visto americano ao mesmo tempo, então ele conseguiu primeiro, veio (para os Estados Unidos) e eu fiquei trabalhando e cuidando deles (dos filhos). Esta foi a parte mais difícil. Você tem que ser mãe, tem que ser forte, ser esposa, sem contar a distância. Mas, graças a Deus eu nunca fui criada para reclamar, para olhar o lado difícil das coisas. Quando a gente chegou aqui com eles, a gente só via o lado bom. A gente sabia o porquê a gente tinha vindo pra cá, e tínhamos um objetivo de dar uma vida melhor pra eles. No Brasil a gente tinha de escolher entre comprar o leite das crianças ou visitar os pais em outros estados. 

Quando você tem como única opção nadar para não morrer afogado, a gente nada para não morrer afogado. O nosso lema sempre foi este. A gente sempre olhou cada dificuldade que aparecia no meio do caminho como uma chance para sempre agradecer.

O problema do preconceito com a cannabis

O preconceito é muito grande e a gente tem de disseminar o conhecimento. Quando chegou dentro de casa e eles falaram: ‘mãe, vamos trabalhar e fazer este business’, a primeira reação que a gente teve foi: ‘vocês estão doidos, a gente vai virar uma família de traficantes?’. Isso era um tabu gigante. Tanto que nosso filho mais velho falava que não conversaria comigo até eu estudar e descobrir que isso não é droga. Demorou quase um ano para eu conseguir falar abertamente.

Mas, eu tive um irmão que se suicidou por causa de drogas. Então, cheguei e pensei, ‘meu Deus, agora esta mesma droga é um remédio’. É um tabu muito grande, a gente tem de ter muito cuidado para falar com as pessoas.

Não foi fácil. A gente foi educado para ter este preconceito. Ninguém estudou, ninguém falou pra gente quando criança que a maconha foi proibida porque os negros fumavam, porque os mexicanos fumavam, porque o cânhamo era muito barato. 

A gente está falando de uma coisa que é medicinal. As mães e as pessoas estão falando de uma coisa que é medicinal. Se a gente está hoje podendo discutir a cannabis como medicina, é graças à mulher e às mães.

A cannabis para fins medicinais no Brasil e os planos da USA Hemp

Eu vejo um futuro muito grande, acho que nos próximos cinco anos o Brasil vai ser o que os Estados Unidos é hoje. A gente vai poder plantar no Brasil, vamos ter laboratórios cada vez mais avançados. 

Mas, acho que o primeiro ponto é a educação da população, a gente também precisa de mais médicos treinados. Está crescendo, é uma semente que se plantou numa terra adubada, numa terra que tem fome, mas que a gente tem que continuar regando para que ela vire uma mata gigante.

A cannabis medicinal ela vai tomar conta do Brasil inteiro. O Brasil, se ele tiver uma boa regulação, vai ser um polo muito grande. A gente tem tudo para plantar, temos terras boas, espaço, bom clima. Temos tudo.

Os nossos planos para o Brasil são tão grandes, que a gente não está aí ainda porque a gente não pode. A gente vai levar empregos, fonte de renda, doações, a fundação Redwood, que é a outra empresa que a gente tem, que possamos ter crianças que saiam da vida do crime, que idosos possam utilizar a cannabis. A gente quer muito para este país.

Inspirações

A minha inspiração são meus filhos, eu tenho muito orgulho em poder ver que as crianças cresceram e que elas querem que o mundo seja um lugar melhor. E, principalmente as mulheres fortes que tem neste mundo. Não somente as mulheres de grandes nomes, mas também a mãe de cada dia. A mãe da favela, a mãe separada, a mãe que luta, a mãe advogada, a mãe médica, a mãe da criança deficiente, a mãe política. A mãe. Estas são minhas maiores inspirações.

Ser mulher é não abaixar a cabeça, não ter medo. Mas, ter humildade também. Ninguém é 100% correto o tempo todo, ninguém é sábio o suficiente para não ter de aprender mais. Mas como mulher a gente conquistou o direito de estar aqui. E, não vamos sair mais não. Na verdade, a gente é muito mais eficiente. Você não vê mulheres começando guerras.

No setor de cannabis eu admiro muito a Viviane Sedola. Foi uma das primeiras, não abaixou a cabeça neste mundo machista, ela chegou como a Dra. Cannabis e temos muito a aprender com ela. 

Admiro muito também a Dra. Carolina Lancelotti e a Dra. Amanda Medeiros, que é uma pessoa maravilhosa. O que eu mais admiro na Amanda, pode parecer que é uma ficha trocada, é que ela faz muitas caridades também. Ela tem um coração gigante.

E tem uma outra mulher que eu admiro muito também: a Nany People. Tenho uma admiração gigante por ela, por tudo o que ela é, por todas as pessoas que ela ajudou, por todas as lutas que ela teve de passar. Ela transformou a dor em alegria para fazer tanta gente sorrir.

Gratidão

Corina, o trabalho realizado por vocês transforma a dor de muitas famílias em esperança por dias melhores com toda a ajuda filantrópica que a USA Hemp fornece para muitas famílias. Eu, Amanda, também admiro muito sua trajetória: como mãe, como mulher, como empreendedora canábica. Vocês foram uma das primeiras empresas que abriram as portas do canabidiol pra mim e que confiaram em meu trabalho ao possibilitar que eu pudesse ser uma das médicas responsáveis pelo primeiro curso da USA Hemp sobre prescrição de cannabis para médicos.

O seu trabalho nos inspira a fazer um país melhor e levar, cada vez mais, qualidade de vida para as pessoas. Muito obrigado!

Conheça a Dra. Amanda Medeiros

Dra. Amanda Medeiros Dias

Dra. Amanda Medeiros Dias (Crm 39.234 PR) é médica com pós-graduação em pediatria e nutrologia pediátrica e, atualmente, está cursando Psiquiatria Infantil pelo CBI Miami. Possui Certificação Internacional Green Flower de Medicina Endocanabinoide.

Com experiência na prática clínica com crianças e adultos, visão integrativa olhando o paciente como um todo, possui experiência prática mesclando medicina com aromaterapia e cromoterapia, com foco na visão holística. 

Além de prescritora, é paciente de cannabis medicinal desde 2018. Também é diretora técnica no Instituto Coração Valente e médica voluntária em projetos da UNA (Unidos pela Amazônia).

Para entrar em contato com a Dra. Amanda Medeiros:

Instituto Coração Valente

E-mail: contato@institutocoracaovalente.com.br

Telefone – (41) – 99725-1582

Clínica Gravital

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