Pesquisadores brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Centro Universitário Unieuro, entre outras instituições, conduziram um estudo inovador que revela melhorias significativas nos sintomas relacionados ao autismo em pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) após o uso de extratos de cannabis. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica “Frontiers in Psychiatry”.

O estudo envolveu 20 pacientes diagnosticados com TEA, que foram submetidos a tratamentos individualizados com extratos de cannabis Os extratos utilizados foram fornecidos por três organizações brasileiras sem fins lucrativos especializadas em cannabis medicinal: a Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinal (AMA+ME), a Associação Canábica Maria Flor e a Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace).

Os pesquisadores ajustaram as dosagens diárias e as proporções de canabidiol (CBD) e tetraidrocanabinol (THC) de acordo com a resposta individual dos pacientes aos tratamentos, monitorando seu progresso por meio de avaliações clínicas periódicas. O tratamento começou com doses baixas de extratos de cannabis de espectro completo, ricos em CBD, e, ao longo do tempo, foram gradualmente aumentadas, incorporando extratos ricos em THC para otimizar os resultados.

Um dos principais resultados do estudo foi a melhoria observada em 18 dos 20 pacientes. Essas melhorias se manifestaram em áreas-chave, como déficit de atenção, hiperatividade, problemas de sono, convulsões e coordenação motora prejudicada. Importante ressaltar que os efeitos colaterais foram leves e pouco frequentes, tornando o tratamento bem tolerado.

Além das melhorias nos sintomas, o tratamento à base de cannabis também trouxe benefícios significativos para a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias. Um aspecto notável foi a redução ou interrupção completa de outros medicamentos frequentemente usados no tratamento do TEA, abordando assim uma das preocupações frequentemente relatadas por familiares de pacientes com TEA em relação aos efeitos colaterais significativos associados aos tratamentos convencionais, como alterações metabólicas e hormonais.

Segundo os pesquisadores, esses resultados reforçam a evidência científica de que o uso clínico de extratos de cannabis pode ser uma intervenção segura e promissora para pacientes com TEA, proporcionando melhorias em diversos aspectos centrais e comórbidos da condição, que muitas vezes não são alcançados por meio de medicamentos convencionais.

A equipe de pesquisa também propôs diretrizes para regimes posológicos de extratos de cannabis adaptados individualmente, visando beneficiar outros pacientes e orientar ensaios clínicos futuros. No entanto, enfatizaram a necessidade de estudos adicionais com amostras maiores e mais diversificadas para validar completamente essas diretrizes.

Este estudo brasileiro representa um avanço importante na compreensão do potencial terapêutico da cannabis no tratamento do TEA, oferecendo esperança para milhões de pacientes e suas famílias em todo o mundo.