O skate, cuja prática chegou a ser proibida em São Paulo por Jânio Quadros, é o primeiro esporte a conquistar uma medalha para o Brasil nos Jogos Olímpicos do Japão. Kelvin Hoefler levou a prata, fazendo história na primeira vez que o esporte foi disputado nas Olímpiadas.

Natural do Guarujá, Kelvin é conhecido por ser um skatista muito regular nos campeonatos. Com 27 anos, começou a andar de skate aos 8, na adolescência já sabia o que queria e a rua foi sua escola. Destaque já na adolescência, viu seu nível evoluir quando passou a frequentar o cenário internacional do skate. Conquistou seis mundiais de skate, modalidade street, feito que o colocou no Guinnes Book, dois ouros e um bronze no X-Games e a Street League, principal competição do street.

Apesar deste currículo, chegou a Tóquio sem estar dentre os favoritos. Mas, ao seu estilo consistente e focado, ficou entre os primeiros mais uma vez.

– Isso aqui representa o skate brasileiro, a nossa garra e a nossa persistência. Isso aqui não é só meu, não, é o skate do Brasil que merece isso aqui, merece até mais. Isso aqui é o começo de uma geração do Brasil que está por vir, e amanhã tem muito mais – disse Hoefler à TV Globo, após receber a medalha de prata.

Kelvin foi o quinto a entrar na pista e fez uma primeira volta primorosa. Sem quedas e com manobras difíceis, recebeu 8,98. Tranquilo, repetiu o bom desempenho na segunda e ganhou um 8,84. 

Quando a competição partiu para as manobras, Kelvin estava em primeiro lugar. Em sua primeira, somou 8,99. Mas, errou a segunda e a terceira tentativa. Na quarta, pressionado, mudou a estratégia e recebeu um 7,58, pois tocou o chão na saída da manobra. A nota já o colocava em terceiro lugar. Mas, na última chance, garantiu a prata com um 9,34, entrando para a história do skate brasileiro nos Jogos Olímpicos.

O skate brasileiro ficou muito próximo de não contar com os seus principais nomes na competição. Em 2017, a CBSK, Confederação Brasileira de Skate, viu o esporte que comanda ser entregue a federação de roller. Os skatistas protestaram e pressionaram o COI e o COB. A pressão deu certo e, com Bob Burnquist no comando da confederação, conseguiu retomar aquilo que lhe era de direito.