Por Lucía Tedesco
Os cogumelos psilocibina parecem ser capazes de reiniciar temporariamente as redes neuronais do cérebro. Isto é explicado por um estudo recente que capturou imagens do cérebro de sete voluntários antes, durante e depois de tomar uma dose massiva.
Uma pesquisa publicada na Nature fornece mais evidências de que o composto psicodélico pode ter um efeito terapêutico em algumas condições neurológicas.
Shan Siddiqi, neurocientista psiquiátrico da Harvard Medical School, em Boston, Massachusetts, disse que “nunca tinha visto um efeito tão forte”. Embora algumas mudanças tenham durado algumas horas, outros efeitos duraram semanas em algumas partes do cérebro.
Cogumelos psicodélicos no cérebro: o processo
Joshua Siegel, neurocientista de sistemas da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, Missouri, e seus colegas analisaram a atividade cerebral dos participantes. Para isso, utilizaram ressonância magnética funcional (fMRI), com a qual puderam observar alterações no fluxo sanguíneo da região.
A comparação das imagens ao longo do processo levou-os a descobrir que a psilocibina fazia com que grupos de neurónios (que normalmente disparam juntos) se tornassem dessincronizados.
A comunicação entre a rede neural e a região anterior do hipocampo (criação da sensação de espaço/tempo) diminuiu durante semanas. No entanto, eles pareceram ressincronizar assim que os efeitos agudos passaram.
Outra informação importante da pesquisa foi que o grounding (exercício para regular o sistema nervoso), implementado na terapia psicodélica para atenuar possíveis efeitos desagradáveis, reduziu os efeitos da psilocibina. Isto pode ser uma indicação de um sinal neurológico que pode ser influenciado por esta técnica.
Embora promissores, os dados obtidos não podem dar uma precisão exata do que causa o potencial benefício terapêutico. Ainda assim, “a melhor parte deste trabalho é que fornecerá um meio para o campo desenvolver mais hipóteses que podem e devem ser testadas”, disse Brian Mathur, neurocientista de sistemas da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, em Baltimore.
Matéria originalmente publicada no site El Planteo e adaptada ao Weederia com autorização