Nos últimos 10 anos o Brasil viu aumentar em 26,61% o número de pacientes diabéticos no país, segundo informações divulgadas pela Federação Internacional de Diabetes. No Brasil, as estimativas mais recentes somam 16,8 milhões de pessoas com a doença, cerca de 7% da população.
Os sintomas podem variar dependendo do tipo que o paciente tem. O diabetes tipo 1 é uma condição crônica, autoimune, em que o sistema imunológico do corpo ataca as células beta produtoras de insulina. Essas células beta, chamadas ilhotas, normalmente produzem insulina. Mas quando atacados por células inflamatórias chamadas linfócitos Th1, eles são danificados e destruídos.
Já o tipo 2, por outro lado, é uma condição crônica que afeta a maneira como o corpo processa o açúcar no sangue (glicose). Esse distúrbio geralmente direciona o pâncreas a produzir mais insulina do que é necessário.
E qual é a relação entre a utilização medicinal da cannabis e o diabetes?
Pesquisas mostram os canabinoides podem ajudar a tratar o diabetes tipo 1 por meio de sua capacidade de impedir a destruição de ilhotas. E, devido às propriedades anti-inflamatórias inerentes aos canabinoides como o CBD, pode haver outra maneira de empregar a cannabis para ajudar a tratar o diabetes tipo 1. Em 2007 um estudo em Autoimmunity (2007) testou camundongos propensos a diabetes não obesos administrando CBD antes de contraírem diabetes. Os pesquisadores descobriram que apenas trinta por cento da população animal tratada com CBD desenvolveu diabetes, enquanto oitenta e seis por cento do grupo placebo foi diagnosticado com a doença.
Num outro estudo publicado no Diabetes Care (2016) os pesquisadores testaram os canabinoides CBD e tetrahidrocanabivarina (THCV) para ver como eles afetavam a glicose e a função das células pancreáticas. Eles descobriram que, comparado ao placebo, o THCV diminuiu significativamente a glicose em jejum, além de melhorar a função das células pancreáticas. O CBD não produziu resultados tão impressionantes quanto o THCV, embora tenha mostrado um efeito positivo na resistência e nas concentrações de hormônios intestinais.
Estudos mostraram benefícios para o diabetes do uso do CBD, como redução da retinopatia, cardiomiopatia e neuropatia, provavelmente devido aos seus efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios e protetores dos tecidos. O canabidiol também pode melhorar a função mitocondrial, reduzir a obesidade e proteger contra complicações diabéticas. Um estudo de 2016 descobriu que o CBD pode modular um receptor não canabinoide chamado GPR55 em camundongos. Este receptor acoplado à proteína G de ácido graxo afeta o controle da glicose no sangue. Os cientistas descobriram que a administração de CBD resultou em níveis mais baixos de glicose no sangue e glucagon plasmático.
Em suma, estes são alguns dos potenciais benefícios da cannabis:
- Estabilizar os açúcares no sangue
- Suprimir algumas das inflamações arteriais comumente experimentadas por pessoas com diabetes, o que pode levar a doenças cardiovasculares
Prevenir a inflamação do nervo e aliviar a dor da neuropatia – a complicação mais comum do diabetes – estimulando os receptores no corpo e no cérebro. - Diminuir a pressão arterial ao longo do tempo, o que pode ajudar a reduzir o risco de doenças cardíacas e outras complicações do diabetes
- Os canabinoides demonstraram reduzir consideravelmente a pressão intra-ocular (a pressão do fluido dentro do olho) em pessoas com glaucoma – um tipo de doença ocular causada por condições que restringem severamente o fluxo sanguíneo para o olho, como retinopatia diabética grave.
Ainda assim, embora as evidências apontem para os efeitos positivos da cannabis no diabetes, ainda não há consenso científico e, por isso, clamam por mais pesquisas para descobrir os efeitos do tratamento com cannabis para esta condição. Por isso, antes de iniciar qualquer tratamento, converse sempre com o seu médico.
Conheça a Dra. Amanda Medeiros
Dra. Amanda Medeiros Dias (Crm 39.234 PR) é médica com pós-graduação em pediatria e nutrologia pediátrica e, atualmente, está cursando Psiquiatria Infantil pelo CBI Miami. Possui Certificação Internacional Green Flower de Medicina Endocanabinoide.
Com experiência na prática clínica com crianças e adultos, visão integrativa olhando o paciente como um todo, possui experiência prática mesclando medicina com aromaterapia e cromoterapia, com foco na visão holística.
Além de prescritora, é paciente de cannabis medicinal desde 2018. Também é diretora técnica no Instituto Coração Valente e médica voluntária em projetos da UNA (Unidos pela Amazônia).
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