Uma pesquisa online identificou que cerca de uma em cada duas pessoas (49%) com fibromialgia teve a vida muito ou totalmente afetada pela condição. A síndrome, que atinge 2,5% da população brasileira, é mais recorrente em mulheres, com incidência mais comum nas idades entre 25 e 50 anos. Amanhã, dia 12 de maio, será o dia da Fibromialgia, data para relembrarmos e nos mantermos atentos quanto a condição estabelecida.

A fibromialgia consiste em dor musculoesquelética inflamatória generalizada, grave e muitas vezes está associada a outros sintomas. Infelizmente, a condição faz mais do que apenas causar dor. Ela pode resultar em problemas de sono, fadiga e letargia e até mesmo sofrimento emocional ou mental. Alguns outros sintomas comuns da fibromialgia incluem dores de cabeça e enxaquecas, depressão e ansiedade, problemas de memória e concentração e rigidez geral do corpo.

Independentemente dos métodos tradicionais de tratamento da fibromialgia que existem atualmente, para ajudar a combater a dor e outros sintomas desconfortáveis associados a essa condição, a cannabis como medicina alternativa está ganhando força e uso.

Existe uma hipótese de que a fibromialgia pode estar ligada à deficiência clínica de endocanabinoides. Esta é uma situação em que o corpo carece de endocanabinoides para regular alguns de seus processos, como o controle da dor. 

Existem concentrações particularmente altas de receptores canabinóides encontrados no sistema nervoso, sistema imunológico, ossos e articulações, onde o Sistema Endocanabinoide tem suas principais funções. O papel central das enzimas é sintetizar as moléculas que ativam o Sistema Endocanabinoide ou quebrá-las e pará-las de ativar os receptores.

Tecnicamente falando, a combinação das moléculas canabinoides e do receptor canabinoide ativa vias de sinalização específicas dentro das células. Um dos resultados centrais dessas vias de sinalização nas células é diminuir a liberação de neurotransmissores. Os neurotransmissores, por sua vez, são os principais sinais do sistema nervoso, que estão envolvidos em muitos processos, incluindo a percepção da dor e outras funções cerebrais, como sono e ansiedade. 

Os receptores CB1 estão localizados principalmente no sistema nervoso no cérebro e nos nervos periféricos que se estendem da medula espinhal. Os receptores CB2, por outro lado, foram encontrados principalmente localizados em células do sistema imunológico e em diferentes tipos de células musculoesqueléticas. E, justamente esses esses efeitos na dor, no sono e na ansiedade que podem ser úteis na fibromialgia.

Um estudo brasileiro controlado randomizado de 2020 foi conduzido para entender como o óleo vegetal de cannabis rico em THC pode ajudar pacientes com fibromialgia no que diz respeito ao tratamento de seus sintomas e melhorar sua qualidade de vida.

O estudo analisou 17 mulheres com fibromialgia na cidade de Florianópolis, que receberam uma gota de THC por dia, que foi aumentada de acordo com seus sintomas. No decorrer da pesquisa, elas receberam um Questionário de Impacto da Fibromialgia (FIQ) para preencher em várias ocasiões, e os pesquisadores descobriram que “o grupo de cannabis apresentou uma diminuição significativa na pontuação FIQ em comparação com o grupo placebo”.

O grupo tratado com cannabis relatou melhorias significativas na seguinte medida: “sentir-se bem”, “dor”, “trabalho” e “fadiga”.

Já em Israel um estudo buscou determinar se a utilização medicinal da cannabis era eficaz de acordo com a experiência dos próprios pacientes. Dos participantes da pesquisa que sofrem de fibromialgia, a maioria deles relatou sentir uma dor tremenda e uma incapacidade de dormir o suficiente de forma consistente.

E a conclusão dos cientistas foi de que a cannabis possui um efeito favorável no nível de dor e na qualidade do sono em, praticamente, quase todo o espectro de síndromes de dor crônica, incluindo dores inflamatórias. 

“A cannabis deve ser seriamente considerada em todas as‘ condições de dor crônica ’sempre que as modalidades de tratamento aceitas são insuficientes para aliviar a dor do paciente e os problemas de sono.” concluíram os pesquisadores.

Uma revisão da literatura publicada no jornal Cureus feita por pesquisadores ligados ao Instituto de Neurociências e Psicologia Comportamental da Califórnia indicou que a pode melhorar vários sintomas em pacientes com fibromialgia e que eles possuem um perfil de segurança adequado para uso no tratamento.

Um outro estudo, publicado na revista Clinical and Experimental Rheumatology, acompanhou 102 pacientes com fibromialgia que não responderam bem aos tratamentos convencionais. Esses participantes receberam duas formas de extratos de óleo de cannabis – uma mistura dominante de THC e outra bem equilibrada entre CBD e THC. 

Os pesquisadores coletaram dados durante um período de seis meses. Além disso, os médicos pediram aos participantes que registrassem os níveis de depressão e ansiedade.

Um terço dos pacientes com fibromialgia relataram redução dos sintomas da condição em geral. Cerca de metade dos pacientes reduziu ou parou completamente de tomar analgésicos, enquanto um pouco menos da metade relatou melhoria qualidade de sono. Diminuição nos sintomas de depressão e ansiedade foram encontrados em cerca de metade dos pacientes também.

O fato é que mais estudos sobre o assunto são necessários. No entanto, o que vejo em meu consultório e nos pacientes, é que a utilização medicinal da cannabis tem se mostrado de grande utilidade no tratamento da fibromialgia e das condições criadas por esta síndrome. Por isso, lembre-se, antes de iniciar qualquer tratamento, converse sempre com o seu médico.

Conheça a Dra. Amanda Medeiros

Amanda Medeiros Dias

Dra. Amanda Medeiros Dias (Crm 39.234 PR) é médica com pós-graduação em pediatria e nutrologia pediátrica e, atualmente, está cursando Psiquiatria Infantil pelo CBI Miami. Possui Certificação Internacional Green Flower de Medicina Endocanabinoide.

Com experiência na prática clínica com crianças e adultos, visão integrativa olhando o paciente como um todo, possui experiência prática mesclando medicina com aromaterapia e cromoterapia, com foco na visão holística. 

Além de prescritora, é paciente de cannabis medicinal desde 2018. Também é diretora técnica no Instituto Coração Valente e médica voluntária em projetos da UNA (Unidos pela Amazônia).

Para entrar em contato com a Dra. Amanda Medeiros:

Instituto Coração Valente

E-mail: contato@institutocoracaovalente.com.br

Telefone – (41) – 99725-1582

Clínica Gravital

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