Por Lucía Tedesco

A maconha danifica os pulmões? Este é um dos mistérios que a ciência ainda está tentando desvendar. Ainda não há dados precisos sobre se a cannabis produz algum efeito pulmonar e quais são. No entanto, o estudo mais recente indicou que fumar maconha não está associado ao comprometimento.

A revista Respiratory Medicine publicou a última pesquisa da Universidade de Queensland, na Austrália. A publicação determinou que: “Não há associação consistente entre o uso de cannabis e as medidas da função pulmonar”.

Como foi o estudo sobre maconha e deterioração dos pulmões

Para chegar a essa conclusão, eles avaliaram 1.173 pessoas entre 21 e 30 anos por meio de dois testes de espirometria, um no início e outro no final do período de 9 anos. O espirômetro permite saber se uma pessoa tem asma, DPOC ou outras doenças pulmonares. “Nesse contexto, é importante entender mais sobre os danos associados ao uso prolongado de cannabis”, explicou à Forbes o professor responsável pelo estudo, Jake Najman.

No mesmo período, os participantes também foram entrevistados para descobrir se fumavam maconha, tabaco, ambos ou nenhum. A análise dos dados e os testes realizados mostraram que o tabaco reduz o fluxo de ar que vai para os pulmões, mas a maconha não; ou seja, após 9 anos de exposição à fumaça da maconha não houve doença pulmonar.

Fumar e co-uso de cannabis são fatores de risco para função pulmonar prejudicada.

Aos 30 anos, fumantes de tabaco desde a adolescência apresentam evidências de comprometimento da função pulmonar.

Aos 30 anos, em fumantes de maconha desde a adolescência, não há evidência de comprometimento da função pulmonar.

O co-uso de tabaco e cannabis não parece predizer a função pulmonar além dos efeitos do uso de tabaco sozinho.

Outros estudos contradizem esses resultados.

Por outro lado, um estudo anterior a este, publicado pela revista Radiology em novembro de 2022, sugere o contrário. Tomografias de tórax realizadas entre 2005 e 2020 em 56 fumantes de maconha, 57 não fumantes e 33 fumantes de tabaco com idades entre 49 e 60 anos descobriram que: “A inflamação das vias aéreas e o enfisema eram mais comuns em fumantes de maconha do que em não fumantes e fumantes de tabaco.

Vale esclarecer que esta pesquisa não avaliou pessoas que eram apenas usuárias de maconha. Portanto, a conclusão sobre inflamação e enfisema é sobre pessoas que usam maconha e tabaco juntos.

Ainda não há certezas, mas ao comparar as duas investigações, nota-se uma grande diferença no número de pacientes analisados ​​(146 de Radiologia e 1.173 de Medicina Respiratória) e sua faixa etária. Os participantes do estudo da radiologia eram muito mais velhos, seus pulmões tinham mais tempo de vida e estavam se deteriorando. Isso significa apenas que mais pesquisas são necessárias para provar o impacto do uso excessivo de cannabis.

Matéria originalmente publicada no site Benzinga e adaptada ao Weederia com autorização